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EM HONRA AO DIA DO TRABALHADOR

Carlos Chagas
20/05/2014



Um documento... Vale apresentá-lo...

Tradicionalmente no primeiro dia de maio, que amanhã se comemora, o presidente Getúlio Vargas comparecia ao estádio de São Januário, no Rio, para confraternizar com a classe operária. Havia sempre mais gente do que nas partidas de futebol do Vasco da Gama. Todos o aplaudiam com entusiasmo, quando desfilava em carro aberto pelas laterais do gramado, discursando em seguida da tribuna de honra, sempre com a saudação dirigida aos “trabalhadores do Brasil”.

De 1930 a 1945, quando foi presidente provisório, presidente constitucional e ditador, Getúlio recebia o reconhecimento de naqueles quinze anos haver fixado um salário mínimo digno, estabelecido a jornada de oito horas diárias de trabalho, o pagamento de horas extras, de pensões e  aposentadorias, o direito à  assistência médica gratuita para o trabalhador e sua família, de férias remuneradas, de indenização por demissões imotivadas e de garantia de estabilidade no emprego após dez anos de permanência na mesma empresa.

Contra ele, levantaram-se as forças da reação. Foi deposto, mas voltou cinco anos depois, eleito pelo voto popular. Outra vez no poder, sacrificou-se com um tiro no peito para não ser novamente humilhado e deposto por um golpe militar. Deixou um documento, o mais importante de nossa História. Vale apresentá-lo na véspera do dia em que o trabalhador brasileiro parece haver perdido a memória:

“Mais uma vez, as forças e os interesses contra o povo coordenam-se e novamente se desencadeiam sobre mim. Não me acusam, insultam; não me combatem, caluniam, e não me dão o direito de defesa. Precisam sufocar a minha voz e impedir a minha ação, para que eu não continue a defender, como sempre defendi, o povo e, principalmente, os humildes. Sigo o destino que me é imposto. Depois de domínio e de decênios de espoliação dos grupos econômicos e financeiros internacionais, fiz-me chefe de uma revolução e venci. Iniciei o trabalho de libertação e instaurei o regime de liberdade social. Tive de renunciar. Voltei ao governo nos braços do povo. A campanha subterrânea dos grupos internacionais aliou-se à dos grupos nacionais revoltados contra o regime de garantia do trabalho. A lei de lucros extraordinários foi detida no Congresso. Contra a justiça da revisão do salário mínimo, se desencadearam os ódios. Quis criar a liberdade nacional na potencialização da Petrobras. Mal começa esta a funcionar, a onda de agitação avoluma-se. A Eletrobrás foi obstaculizada até o desespero. Não querem que o trabalhador seja livre. Não querem que o povo seja independente.

Assumi o governo dentro da espiral inflacionária que destruía os valores do trabalho. Os lucros das empresas estrangeiras alcançavam até 500% ao ano. Nas declarações de valores do que importávamos, existiam fraudes constatadas de mais de 100 milhões de dólares por ano. Veio a crise do café, valorizou-se o nosso principal produto. Tentamos defender seu preço e a resposta foi uma violenta pressão sobre a nossa economia, a ponto de sermos obrigados a ceder.

Tenho lutado mês a mês, dia a dia, hora a hora, resistindo a uma pressão constante, incessante, tudo suportando em silêncio, tudo esquecendo, renunciando a mim mesmo, para defender o povo que, agora, se queda desamparado.  Nada mais vos posso dar a não ser o meu sangue. Se as aves de rapina querem o sangue de alguém, querem continuar sugando o povo brasileiro, eu ofereço em holocausto a minha vida. Escolho este meio de estar sempre convosco. Quando vos humilharem, sentireis a minha alma sofrendo ao vosso lado.  Quando a fome bater à vossa porta, sentireis em vosso peito a energia para a luta por vós e vossos filhos. Quando vos vilipendiarem, sentireis no meu pensamento a força para a reação. Meu sacrifício vos manterá unidos e meu nome será a vossa bandeira de luta. Cada gota do meu sangue será uma chama imortal na vossa consciência e manterá a vibração sagrada para a resistência. Ao ódio, respondo com o perdão. Aos que pensam que me derrotaram, respondo com a minha vitória. Era escravo do povo e hoje me liberto para a vida eterna. Mas esse povo de quem fui escravo não mais será escravo de ninguém. Meu sacrifício ficará para sempre em sua alma e meu sangue será o preço de seu resgate.

Lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei contra a espoliação do povo. Tenho lutado de peito aberto. O ódio, as infâmias, as calúnias não abateram o meu ânimo. Eu vos dei a minha vida. Agora, ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente, dou o primeiro passo   no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na História. ”

SERÁ PRECISO DIZER MAIS ALGUMA COISA?



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