RSS
 

O QUE NÃO É SUSTENTABILIDADE

Aron Zylberman
16/09/2014



A palavra sustentabilidade, por seu uso constante e descuidado, está ficando muito desgastada. Agora todos são sustentáveis: empresas, organizações sociais de todos os tipos, faculdades, hospitais, escolas e até times de futebol.

Fazer negócios como sempre fizemos, em geral, não é sustentável. Não significa, de modo algum, afirmar que tudo que fizemos até agora está errado; significa sim afirmar, que nem tudo que foi feito no passado e que deu certo, continua válido hoje e para o futuro. Parte importante das atividades econômicas se baseava em uma premissa falsa, de que os recursos naturais são inesgotáveis.

O nosso planeta tem uma capacidade limitada para fornecer serviços naturais que já foi ultrapassada em 50%, ou seja, a atual atividade econômica está exaurindo a capacidade do planeta de fornecer recursos para tudo o que produzimos, transportamos, consumimos e descartamos. Infelizmente, muitas pessoas não acreditam nessa nova realidade.

Para que uma atividade seja considerada sustentável ela deve atender três requisitos: ser economicamente viável, ambientalmente equilibrada e socialmente justa. Vamos analisar o pilar econômico, que é aquele mais considerado pela maioria das pessoas.

Se fizermos uma lista das 10 principais incorporadoras do mercado imobiliário da década atual e compararmos com a mesma lista de 20 anos atrás, poucos serão os nomes que estarão nas duas. Se estendermos o nosso período de análise para 40 anos, que é um período curto quando se fala em sustentabilidade econômica, é possível que essa lista se limite a uma ou duas empresas. Sendo mais claro: a perenidade é uma consequência lógica do pilar econômico da sustentabilidade, empresas que operam apenas olhando resultados de curto prazo, não são sustentáveis e provavelmente, terão vida curta. Uma empresa que não tem planos para se perenizar (operar por centenas de anos), não pode ser chamada de sustentável. Não há perenidade sem sustentabilidade.

A preocupação com redução de custos sempre esteve na pauta de qualquer gerente minimamente competente, portanto, afirmar que uma empresa é sustentável por que tem um programa de ecoeficiência é, no mínimo, inadequado. O termo ecoeficiência se popularizou recentemente, mas economizar nas contas de água e energia elétrica, ou simplesmente não desperdiçar insumos e produtos é apenas boa gestão.

Outra falácia é a que diz respeito ao cumprimento de leis e normas. Esse cumprimento é obrigação de todas as empresas que operam na legalidade. É verdade que cumprir esse mínimo não é uma prática universal. O grau de informalidade no setor da construção civil é muito expressivo, não temos dados precisos para informar quantos metros quadrados de residências, escritórios e espaços comerciais estão sendo construídos, ou reformados, atualmente no País, mas podemos afirmar que parte significativa esta sendo construída com algum grau de informalidade. Não há nenhuma sustentabilidade no descumprimento da legislação. A legislação inovadora, que impõe novos critérios que gerarão economias importantes de insumos e materiais pode ser adjetivada como sustentável, mas a legislação tradicional, que já esta estabelecida há muito tempo não pode ser adjetivada como tal. O nosso setor é conservador, e não há nada de intrinsicamente errado nisso, o problema é que só conseguiremos avanços importantes na rota da sustentabilidade através da inovação.

Melhorias contínuas em produtos e processos são ótimas e muito bem vindas; economias de toda sorte são importantes, o bolso e o planeta agradecem, mas só rupturas importantes na forma como fazemos negócios, na concepção de produtos, nos materiais e nos processos construtivos é que permitirão a construção de uma sociedade que seja realmente sustentável para todos, ou seja, economicamente viável, ambientalmente equilibrada e socialmente justa.




Enviar um Comentário:

Nome:
Email:
  Publicar meu email
Comentário:
Digite o texto que
aparece na imagem:

Vida e Aprendizado 2011.
Reproduçao total ou parcial do conteúdo deste site deverá mencionar a fonte.