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JEAN CHARLES, UMA VIDA DESPERDIÇADA

Benedicto Ismael C. Dutra
11/07/2009



O Brasil foi ricamente dotado pela natureza, o que poderia nos oferecer uma situação muito especial neste mundo de caos e misérias

Por não encontrarem condições de trabalho em suas cidades, muitos jovens enfrentam a dura realidade da imigração e se aventuram no exterior, em países e culturas desconhecidas, em muitos casos sem dominar o idioma local e sem a documentação legalizada, aceitando qualquer tipo de trabalho em busca de melhorias em seu padrão de vida.
 
No entanto, a realidade é quase sempre bastante dura, pois os serviços disponíveis em épocas normais são os mais pesados, normalmente deixados para os imigrantes, a menos que a economia entre em crise como atualmente e com a redução dos empregos, os nativos passem a cobrar de volta todos os serviços disponíveis no mercado.
 
Esta difícil realidade é retratada no filme Jean Charles, longa metragem que narra a história real do brasileiro Jean Charles de Menezes, exterminado em Londres em 2005, confundido pela polícia londrina com um terrorista.
 
O filme nos faz refletir: por que se torna tão necessária a fuga em massa para encontrar ocupação remunerada? Esta é uma questão que deveria ser examinada pelos responsáveis pela condução do país e também por todos que exercem cargos de comando. O dinheiro público deveria ser canalizado para o bem estar da população, gerando atividades em busca de permanentes melhorias e possibilitando a oferta de educação de qualidade e mercado de trabalho para os jovens. Além disso, o Brasil foi ricamente dotado pela natureza, o que poderia nos oferecer uma situação muito especial neste mundo de caos e misérias, basta vontade realizadora.
 
Cidades pequenas, fornecedoras de mão de obra, muitas vezes ficam ao abandono e descaso. As cidades, como locais que abrigam pessoas, famílias e empresas, deveriam ser hospitaleiras, limpas, organizadas, enfim, acolhedoras, para que as pessoas sentissem orgulho e bem estar nos locais em que vivem.
 
No caso da educação, em uma época como a atual, a escola e o trabalho deveriam ser associados logo cedo, desde os doze anos de idade, oferecendo aos alunos adolescentes a oportunidade de exercer ofícios compatíveis com sua idade, pois a época exige aprendizado prático e responsabilidade o mais cedo possível.
 
Os jovens precisam ter a oportunidade de exercer atividades práticas como, por exemplo, jardinagem, limpeza, manutenção e conservação, precisam pisar no chão das fábricas e sentar nas cadeiras dos escritórios. Assim, poderão aprender que toda a produção humana exige método, disciplina e dedicação. No entanto, muitos jovens passam até vinte anos em escolas sem nunca terem tido a oportunidade de executar nenhum trabalho, o que é prejudicial, pois desta forma eles não adquirem experiência nem preparo para a vida.
 
Além disso, os jovens precisam aprender a limpar a mente dos pensamentos inúteis e indesejáveis, fixando propósitos e definindo metas. E então, com a mente limpa, a intuição dará a eles as necessárias visões de como alcançar seus objetivos.
 
Tornar-se útil e produtivo, estar apto a administrar a própria vida e a responder pelas necessidades da autosubsistência através do trabalho são os degraus do sucesso e da felicidade. Caso tivessem a possibilidade de atingir todas estas metas em suas próprias cidades, com educação adequada e espaço no mercado de trabalho, os jovens não precisariam recorrer a tentativas incertas e tantas vezes arriscadas no exterior, como fez Jean Charles, personagem do filme e da vida real.



Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Hotel Transamerica Berrini e é associado ao Rotary Club de São Paulo. É articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. É também coordenador dos sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br, e autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012...e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens” ,“A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin - Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7
Comentários:


HAMILTON SERPA (hserpa@globo.com) comentou em 14/07/2009 - 02:07:02

Sabe Sr. Ismael

Tenho uma crônica publicada em outros sites em que abordei a morte fatídica deste rapaz. Com respeito à dor dos familiares, mas este caso só teve repercursão por ter acontecido num país de primeiro mundo e onde pode-se através de processos conseguir-se alguma indenização, pois volta e meia vejo turistas sendo assassinados aqui no nosso país e não vejo toda esta choradeira, e, também, parece que este jovem foi mais importante do que tantos que são mortos todo dia pela nossa própria policia e ninguém, bem dizer, não fala nada. Achei toda esta polêmica um ranço de quem ainda tem revanchismos contra países ricos, como se eles também não pudessem errar. Mas valeu a crônica, este é só um pensamento pessoal. Um abraço fraterno


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