
Por não encontrarem condições de trabalho em suas cidades, muitos jovens enfrentam a dura realidade da imigração e se aventuram no exterior, em países e culturas desconhecidas, em muitos casos sem dominar o idioma local e sem a documentação legalizada, aceitando qualquer tipo de trabalho em busca de melhorias em seu padrão de vida.
No entanto, a realidade é quase sempre bastante dura, pois os serviços disponíveis em épocas normais são os mais pesados, normalmente deixados para os imigrantes, a menos que a economia entre em crise como atualmente e com a redução dos empregos, os nativos passem a cobrar de volta todos os serviços disponíveis no mercado.
Esta difícil realidade é retratada no filme Jean Charles, longa metragem que narra a história real do brasileiro Jean Charles de Menezes, exterminado em Londres em 2005, confundido pela polícia londrina com um terrorista.
O filme nos faz refletir: por que se torna tão necessária a fuga em massa para encontrar ocupação remunerada? Esta é uma questão que deveria ser examinada pelos responsáveis pela condução do país e também por todos que exercem cargos de comando. O dinheiro público deveria ser canalizado para o bem estar da população, gerando atividades em busca de permanentes melhorias e possibilitando a oferta de educação de qualidade e mercado de trabalho para os jovens. Além disso, o Brasil foi ricamente dotado pela natureza, o que poderia nos oferecer uma situação muito especial neste mundo de caos e misérias, basta vontade realizadora.
Cidades pequenas, fornecedoras de mão de obra, muitas vezes ficam ao abandono e descaso. As cidades, como locais que abrigam pessoas, famílias e empresas, deveriam ser hospitaleiras, limpas, organizadas, enfim, acolhedoras, para que as pessoas sentissem orgulho e bem estar nos locais em que vivem.
No caso da educação, em uma época como a atual, a escola e o trabalho deveriam ser associados logo cedo, desde os doze anos de idade, oferecendo aos alunos adolescentes a oportunidade de exercer ofícios compatíveis com sua idade, pois a época exige aprendizado prático e responsabilidade o mais cedo possível.
Os jovens precisam ter a oportunidade de exercer atividades práticas como, por exemplo, jardinagem, limpeza, manutenção e conservação, precisam pisar no chão das fábricas e sentar nas cadeiras dos escritórios. Assim, poderão aprender que toda a produção humana exige método, disciplina e dedicação. No entanto, muitos jovens passam até vinte anos em escolas sem nunca terem tido a oportunidade de executar nenhum trabalho, o que é prejudicial, pois desta forma eles não adquirem experiência nem preparo para a vida.
Além disso, os jovens precisam aprender a limpar a mente dos pensamentos inúteis e indesejáveis, fixando propósitos e definindo metas. E então, com a mente limpa, a intuição dará a eles as necessárias visões de como alcançar seus objetivos.
Tornar-se útil e produtivo, estar apto a administrar a própria vida e a responder pelas necessidades da autosubsistência através do trabalho são os degraus do sucesso e da felicidade. Caso tivessem a possibilidade de atingir todas estas metas em suas próprias cidades, com educação adequada e espaço no mercado de trabalho, os jovens não precisariam recorrer a tentativas incertas e tantas vezes arriscadas no exterior, como fez Jean Charles, personagem do filme e da vida real.