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INDIGNAÇÃO E REVOLTA

Benedicto Ismael C. Dutra
06/12/2014



Indignação não é o mesmo que revolta. São coisas diferentes.

É compreensível que um sentimento de indignação surja quando nos deparamos com alguma injustiça flagrante.

Gandhi e Lutero, por exemplo, foram líderes indignados, e estavam tomados de indignação quando reagiram às injustiças de suas épocas. Mas Gandhi nunca quis que a luta pela libertação de seu povo se desse com violência, destruição e morte. Nem de seu povo e nem de quaisquer outros.

Lutero, por sua vez, jamais poderia imaginar que as 95 teses que fixara na porta da Igreja de Wittenberg, em 1517, serviriam de pretexto para que, anos depois, rios de sangue demarcassem a fronteira entre católicos e protestantes.

Esses líderes indignados queriam justiça e dignidade, não revoltas e revoluções, não ódio e atos furiosos. Essas coisas foram geradas e fomentadas pelos seus seguidores e admiradores, baseados em interpretações próprias, com os resultados que conhecemos. Não é preciso absolutamente que a indignação se transmute em revolta, muito menos em violência e luta armada.

A pessoa indignada luta para solucionar os problemas que vê à sua volta com o coração pleno de nobres sentimentos, enquanto que a revoltada se abre a correntezas de ódio que tomam contam de todo o seu ser.

O indignado olha em primeiro lugar exatamente para si mesmo, buscando ver se também ele não estaria contribuindo de algum modo para as situações que reconhece como erradas; já o revoltado só vê a culpa de todas as mazelas exclusivamente nos outros. A indignação serve de impulso para uma melhoria coletiva, ao passo que a revolta traz apenas ainda mais destruição e desolação.

Podemos, sim, nos indignar com o que reconhecemos de errado neste mundo, mas cientes de que tudo o que atinge uma pessoa, um povo, ou a humanidade inteira, é decorrência de uma semeadura prévia. Podemos, sem dúvida, procurar soluções para as necessárias mudanças, porém sem esquecer de modificar antes o que ainda existe de errado em nós mesmos, conservando sempre puras nossas intuições e pensamentos.

Não devemos nunca consentir que, em nosso íntimo, a indignação desça para o patamar da revolta. Não podemos permitir jamais que as correntezas luminosas, que nutrem e embelezam a alma, sejam substituídas por influxos trevosos, que só fazem escurecê-la e puxá-la para baixo.


O DIA SEM AMANHÃ




Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Hotel Transamerica Berrini e é associado ao Rotary Club de São Paulo. É articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. É também coordenador dos sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br, e autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012...e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens” ,“A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin - Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7
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