O que se poderia dizer aos empresários e seus colaboradores nesta época de crise anunciada, mas não esperada pela maioria das pessoas que viveram a fase mais explosiva do consumo que a temporada de bolhas especulativas propiciou?
Em um passado não muito distante, o homem tinha um olhar esperançoso para o futuro, pois ainda havia muito a ser feito para a população em expansão, num planeta com muitos espaços vazios para serem ocupados.
De repente, nos tornamos conscientes de que o planeta tem seus limites, que os recursos naturais e os serviços em geral também, sem que tivéssemos nos preparado para isso. Então, estão ocorrendo riscos de insuficiência de recursos básicos para a vida e congestionamentos em muitas áreas de serviço, desde o transporte público, hospitais, educação, telefonia, entre outros. O Speedy engasga e causa danos, os celulares emudecem e dificultam as comunicações, as filas na rede bancária não têm fim, uma pane no metrô para a cidade. Tudo isso numa época na qual alcançamos uma elevada capacidade de produção, estruturada de tal forma que em muitos casos chega até a prescindir da mão de obra bem qualificada, o que gera insegurança e desinteresse e, ao mesmo tempo, um péssimo atendimento aos clientes.
Os profissionais também têm os seus limites, necessitando de repouso e relaxamento das tensões para preservar a saúde e a vida. Mas, o direcionamento da vida com primazia para o materialismo e a ganância sem freios, introduziram a competição e o egoísmo como o comportamento padrão no lugar da cooperação e da consideração pelos direitos do próximo. Não faltaram avisos: a desenfreada ganância especulativa quase levou o mundo ao caos, mas como os ganhos bilionários eram encantadores, ninguém queria “estragar a festa”. A realidade é que, dessa forma, a economia se tornou insustentável e hoje pagamos com a recessão e o aumento do desemprego.
O fato é que muita coisa precisa ser repensada com o cérebro e com o coração para que possamos sair de um sistema de vida massacrante e paulatinamente construir um modelo mais suave, que possibilite o aproveitamento da vida com mais profundidade e discernimento.
Atualmente, estamos enfrentando o problema do despreparo das populações para a vida e para o trabalho, o que foi cultivado durante um longo período. No passado, as pessoas não tinham tantas opções de escolaridade, mas aprendiam com quem sabia viver e fazer. Então, havia melhor entendimento sobre a vida, e o trabalho era sempre executado com dedicação e responsabilidade. Para enfrentar a situação atual, necessitamos reaprender a viver de forma mais simples e natural. Só assim poderemos encontrar as soluções para os problemas que estão nos afligindo pesadamente.