Nada consegue despertar as pessoas apáticas e indolentes. Elas vão seguindo sua rotina de pouca ação e nenhuma reflexão. Os impactos causam uma inquietação momentânea, mas logo tudo fica para trás em mesas de pizza ou games. É o que acontece em Nova York quando um jovem (Jack O´Connell), mal remunerado em seu trabalho de entregador, fica inconformado com a perda de sua poupança em ações que, em 24 horas, viraram pó. Armado, ele invade o estúdio da TV, na hora do programa Money Monster que dá dicas de investimentos em ações. O jovem envolve o apresentador Lee Gates (George Clooney) num colete bomba, pronto para explodir, exigindo explicação sobre a grande baixa.
Segue-se uma corrida para tentar deter o jovem alucinado, e tudo vai sendo levado ao ar, ao vivo para o mundo, com a expertise da diretora de TV (Julia Roberts), escandalizando e revoltando pessoas comuns, indignadas com as manipulações a que as bolsas de valores podem ser submetidas por inescrupulosos especuladores que ficam farejando oportunidades para obter ganhos astronômicos com jogadas desleais.
Assim como nessa ficção, na vida real a globalização tem dado mais oportunidades aos ataques especulativos do que aos investimentos produtivos de longo prazo. Há um jogo bruto entre grupos de especuladores de vários países que agem como se o mercado financeiro fosse um cassino, criando fundos com o objetivo de aproveitar oportunidades de ganhos especulativos, gerando ciclos de baixa para comprar, e de alta para obter ganhos extraordinários. O objetivo é acumular o máximo volume de capital financeiro para ter força e poder de mando global. Trata-se de uma nova ordem que se posiciona acima de Estados e governos, tendo o interesse próprio como a única prioridade.
No filme Jogo do Dinheiro, a diretora Jody Foster levanta com habilidade o véu sobre essa realidade. Encerrado o espetáculo em Wall Street, tudo volta à vidinha rotineira comandada pelo dinheiro.