O filme Florence tem uma pegada firme na música clássica romântica e nas composições feitas com a preponderância do coração, mas expõe a barulheira do clássico técnico onde o compositor se esmera na composição cheia de regras e distante do coração intuitivo. No entanto, apresenta algumas semelhanças com o atual mundo de aparências em que vivemos.
Em geral em nosso mundo falta autocrítica; as pessoas querem fazer, mas não querem perceber que precisam examinar suas aptidões e se preparar arduamente; nada surge pronto sem um longo período de formação e preparo. Por outro lado, há que haver sinceridade, pois o viver em ilusão é nefasto, não é a vida real; é vida fictícia, a falsa felicidade em que muitos querem acreditar.
Florence (Meryl Streep) é apresentada com uma aparência estranha, enquanto o seu marido (Hugh Grant) tem um desempenho soberbo. Ela tinha muito dinheiro e muito amor pela música, mas também vaidade. O filme cria cenários estapafúrdios como no nosso mundo político, social e econômico onde a mentira tem prevalecido por séculos, sendo por todas as maneiras impedidos de falar aqueles que se esforçam por mostrar a verdade.
Realmente Florence se preocupava com os soldados que estavam enfrentando a guerra, mas isso não modificava a sua desafinação no canto lírico, e aqueles que estavam ao seu lado não a alertavam, ao contrário, teciam falsos elogios, por interesse, mas não queriam se comprometer pondo em risco a sua credibilidade artística.
A verdade sempre tem assustado aqueles que vivem e tecem ilusões mentirosas. Isso tem sido largamente empregado para manter o marasmo das massas, mas agora estamos adentrando numa fase que nada mais consegue permanecer oculto, e tudo vem à tona para que a verdade se imponha sobre o viver, acabando com a cegueira e com aqueles que vivem nas sombras tecendo falsidades. Como disse Viktor Frankl, “a consciência é a capacidade que torna o homem apto a captar o significado de uma situação na sua unicidade”. Lamentavelmente, em pleno século 21, na maior parte, ainda se vive na inconsciência pessoal e da vida, o que mantém o mundo atrasado e hostil, quando já deveria ter alcançado a verdade e o progresso libertador do ser humano.