
O filme
Café Society, retratando os anos 1930 em Hollywood e Nova York, tem muito a ver com a nossa era de desencontros. Mostra a realidade social da época que gerou nossos dias turbulentos. Pessoas educadas, mas já com propensão prioritária para o que seja mais objetivo. Apresenta a época do grande avanço de Hollywood e seus produtores de filmes, influenciando o comportamento das pessoas e da busca de diversão com o uso de bebidas, muitas pessoas fumando, música de jazz melancólico contendo a inspiração de compositores que ainda conseguiam a participação de um restinho de intuição.
Veladamente, Woody Allen faz a sua crítica das religiões dominantes da época adentrando de leve no enigma da vida pós-morte, sem mencionar que a reencarnação do espírito acabou sendo suprimida com a força dada ao conceito de vida única, que levou as pessoas a permanecerem na ignorância sobre a continuidade da vida do espírito.
Os homens se comportam com seriedade em relação à família e ao casamento, mesmo assim não conseguem escapar do viver fictício, apesar de salvaguardar as aparências, vivendo do sonho irrealizável. Em suma, vemos na tela toda a trajetória dos seres humanos que vão passando pela vida sem fazer o necessário esforço para compreendê-la, sem estabelecer propósitos enobrecedores, despendendo todo o tempo disponível atrás do dinheiro e diversões para entreter a mente e olvidar o espírito. No entanto, a estória narrada no filme não chega a empolgar, pois os personagens foram conduzidos para agir com frieza, em diálogos curtos sem a participação da intuição, do mesmo jeito que acontece na época atual. Destaque para Steve Carell, o tio de Bobby, que age com mais autenticidade.