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Animais fantásticos e onde habitam

Benedicto Ismael C. Dutra
15/12/2016



 Há vários instrumentos utilizados para manter os seres humanos de cabeça baixa, sem incentivos para aproveitarem todo o seu potencial. Religião, escolas, artes, têm sido largamente empregadas há séculos, gerando desigualdades, mas há uma questão pouco comentada: a da indolência individual ou induzida para manter dóceis as massas e que predispõe os indivíduos a ficarem acomodados e a não desenvolverem o necessário esforço para o seu aprimoramento e, com isso, deixam de colocar em movimento as suas capacitações de examinar e elucidar o significado da vida, pois todos nós a recebemos por igual. Acima de qualquer lei e normas, pairam as leis do Criador que devem ser reconhecidas e observadas em tudo para que possa haver a paz e o progresso real.
 
No filme Animais fantásticos e onde habitam o personagem New (Eddie Redmayne) mais parece um dedicado professor, cuidadoso com sua coleção de animais exóticos. O cenário é caprichado. New é dotado de generosidade e compreensão que faltam aos componentes da sociedade secreta dos magos que controlam as pessoas e as coisas. O filme mostra os efeitos da força de vontade dirigida para o lado errado. Credence (Ezra Miller), revoltado com o tratamento que recebia, gerava continuamente formas de medo e ódio que alimentavam as fúrias, as quais causavam um enorme estrago onde encontravam entrada, através da igual espécie de sentimentos lançados pela vontade dos seres humanos. Atualmente, muitas mulheres enxergam no homem o inimigo, já Queenie (Alison Sudol), que lia os pensamentos dos outros, faz o tipo da jovem equilibrada, da mulher acolhedora que, sem afetação, revela simpatia espontânea e naturalidade diante do homem simples, Jacob Kowalski (Dan Fogler), que encontra fechadas as portas dos bancos para o financiamento da padaria. A simplicidade, a clareza e a naturalidade no pensar são as características do ser humano evoluído, mas atualmente acabaram se tornando raras diante de tantos comportamentos obscuros e distantes da realidade.
 
O lamentável é que poderiam ter sido utilizados modelos de animais com semelhança aos existentes no planeta, para que os fãs de menor idade compreendessem melhor o mundo animal e o mundo áspero dos seres humanos,  existindo, entre estes últimos, aqueles que buscam a paz e o progresso real da humanidade, zelando pelo planeta e seus entes, gerando a complementação das maravilhas da vida, em vez do caos e destruição. Nisso se torna enorme a responsabilidade da escritora J. K. Rowling.
 
Estamos continuamente desvalorizando a vida e seu significado com ideias estapafúrdias. Estamos alimentando pensamentos negativos. O descontentamento e a insatisfação têm sido cultivados de todas as formas, por meio dos telejornais, filmes e novelas. Desconhecemos a liderança positiva, as críticas são lançadas impiedosamente abrindo feridas e destruição. Diz a tradição que antigamente os senhores proprietários de terras não davam aos colonos um desjejum nutritivo para mantê-los enfraquecidos. Agora não estamos nutrindo as mentes com esperança e alegria de viver.
 
Estamos enfrentando a congestão de tudo, de pessoas, carros, informações, problemas, e ao lado dela, o apagão mental, a falta de bom senso e iniciativa. Educar para o século 21 exige foco na melhora da qualidade humana. Focar permanentemente nas deficiências ou ficar criticando as fraquezas das pessoas provoca o rebaixamento geral e motivacional. No sentido oposto, enaltecer e elogiar as coisas boas cria um ambiente mais favorável ao entendimento e ao aprimoramento. Isso é muito importante e deveria ser levado a sério por todos nós, pelas TVs e filmes que muitas vezes mantêm o foco no negativo, no que acontece de ruim, no que há de pior no ser humano, predispondo os espectadores ao pessimismo, descontentamento, desânimo, falta de coragem e visão para dar a volta por cima. Temos de fugir da crescente robotização paralisante que sufoca as individualidades e contribui para formar uma geração apática e sem a imprescindível força de vontade voltada para o beneficiamento e embelezamento geral das condições de vida.
 



Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Hotel Transamerica Berrini e é associado ao Rotary Club de São Paulo. É articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. É também coordenador dos sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br, e autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012...e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens” ,“A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin - Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7
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