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Perspectivas da economia brasileira

Mirched Alaby
22/02/2017



O Rotary Club de São Paulo recebeu o companheiro e economista Mirched Abdo Alaby como palestrante em sua 25.ª Reunião Ordinária, do ano rotário 2016-17, realizada em 08/02/2017, que falou sobre as “Perspectivas da Economia Brasileira”.

  O avião já está subindo novamente, mas encontrará uma série de turbulências para chegar ao destino final. A súbita retomada do otimismo em relação ao desempenho da economia em 2017, ancorada na melhoria ainda pontual de alguns indicadores recentes, mostra que nem todos os gatos escaldados têm medo de água fria. Já houve um momento semelhante no ano passado, na esteira do impeachment e do programa de reformas neoliberais encaminhadas pelo governo Temer, porém ainda há muitas dúvidas no meio do caminho para aprovação dessas reformas. Temos boas expectativas do que fatos e tendências consistentes.

Os indicadores de confiança na economia chegaram em janeiro a 127,3, enquanto o nível neutro está entre 95 a 105. O índice de confiança industrial atingiu tão somente 89,0, o menor nível desde 2014. A evolução da pesquisa focus, do banco central, ao ouvir os principais players do mercado, como instituições financeiras e economistas, apontam para um crescimento em 2017, ao redor de 0,5% (entre 0,2% e 0,7%), enquanto as projeções do FMI indicam 0,2%. Para 2018, a pesquisa focus indica crescimento de 2,2%, um tanto otimista para os dias atuais.

Vários economistas indicam que a economia brasileira não crescerá mais do que 2% em média ao ano, até 2021, abaixo dos 3,5% para redistribuir a renda. Com isso, o cenário para os próximos cinco anos é de crescimento relativamente baixo. Infelizmente, o desemprego continuará crescendo no próximo ano. A taxa de desocupação poderá ultrapassar os 13 milhões de pessoas, hoje estamos com 12 milhões de desempregados (12% da força de trabalho), refletindo na necessidade de solucionar o desequilíbrio fiscal e promover a redução da taxa de juros, para criar condições para a volta do crescimento econômico, pois as empresas poderão começar a investir com a recuperação da credibilidade na política fiscal e monetária.

Falando em taxa de juros, hoje em 13%, há previsões que ao final de 2017, possamos ter 9,5% a.a. e ao final de 2018, 9%, dependendo da taxa de juros norte-americana e da necessidade de recursos externos para fechamento da balança de pagamentos. Os investimentos diretos estrangeiros estimados para 2017 no país, são da ordem US$ 70 bilhões e para 2018, US$ 72 bilhões. O ponto positivo está na inflação, que vem caindo devido à recessão pela qual o país atravessa. Fechamos o ano de 2016, com 6,29% a.a. E estima-se que atingiremos a meta prevista pelo banco central já em 2017, entre 4,70% e 4,5%, enquanto que para 2018, teremos a meta entre 4,5% e 4,3%. O Ministro da Fazenda, Dr. Henrique Meirelles, prevê que chegaremos a 3% até 2020.

Entretanto, há sinais negativos no campo político eeconômico, capazes de comprometer o ajuste fiscal e indicadores vitais da economia brasileira, o processo da lava jato, o possível impeachment do atual presidente, a burocracia, insegurança jurídica, legislação previdenciária, legislação trabalhista, competitividade, produtividade,compliance, inovação e tecnologia. Salientamos que a reforma da previdência será vital para a melhoria do sistema. Por outro lado, há excesso de endividamento das famílias, do governo e dos setores industriais, com exceção para o setor bancário. A liberação das contas inativas do FGTS, pode representar um certo alívio para os devedores pessoas físicas. Infelizmente, continuaremos a ver um número importante de pedidos de recuperação judicial, com todas as consequências negativas sobre emprego e atividade.

Os investimentos do setor privado não terão recomposição adicional em 2017, poderá no futuro, a partir de 2018 se recuperar, pois é baseado em expectativas, porém a capacidade ociosa elevada não deixa essa retomada ser efetiva. Caso não tenhamos equacionadas as reformas da previdência e trabalhista, haverá a necessidade de elevar impostos para que a relação dívida pública x PIB se reduza, visto que a arrecadação tributária, em função da recessão, continuará reduzida. O déficit público projetado pelo governo federal para as contas públicas em 2017 é de R$ 139,5 bilhões para 2017. Outro fator preocupante é o problema da falta de recursos dos estados. Há estados praticamente quebrando sem condições de sustentar o pagamento do funcionalismo, como Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, entre outros. A saída é privatizar as estatais estaduais.


Para ouvir o áudio completo da palestra, acesse www.rotarysp.org.br/podcast.



É associado do RCSP desde 24/08/2011, Economista, Mestre em Contabilidade e Administrador de Empresas e atua entre outros na Câmara de Comércio Árabe Brasileira.
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