Há sempre, no mundo, uma densa cortina que não permite a visão clara do que está se passando. No Brasil, temos sofrido com a falta de seriedade e de políticas sadias de desenvolvimento. Com o descontentamento geral, veio o populismo, mas acabou sendo rejeitado pelos abusos, e o país endividado caiu na inflação. A elevada taxa de juros composta arrasa as contas já estouradas. A tendência é que a dívida alcance 90 % do PIB. A elite pensante e empresarial tem de se debruçar sobre isso de forma objetiva visando colocar nos eixos o país estagnado desde a proclamação da república devido ao predomínio de corruptos e falsos estadistas.
A inflação faz parte dos enigmas do dinheiro. Com juros elevados, o empresário não aceita retorno inferior. O efeito economia movida a bolhas cria ciranda de preços, até a próxima crise. Está certo manipular o câmbio com elevado custo embutido para conter a inflação? Quanto disso não interfere na autonomia produtiva do país? Quanto mais se cria necessidade de importar e fazer remessas de dólares, mais a exportação deveria estar acompanhando, caso contrário lá estaremos de pires na mão implorando para cobrir o déficit externo.
Na fase inicial da república, a maioria das crianças das famílias libertadas do trabalho escravo não tinha escola. Atualmente, 75 % das crianças na primeira infância estão fora das creches. Isso não seria problema se os pais dessem a adequada assistência aos filhos. É na primeira infância que se formam as bases do ser no cérebro; se isso não for feito no tempo certo, surgirão muitas dificuldades posteriores.
A miséria no Brasil é antiga; vem desde a época do Império que se desmanchou com a aprovação da Lei Áurea. Temos tido dificuldades em fazer a reversão: despreparo, poucas oportunidades, reduzida circulação monetária. Juros elevados, câmbio manipulado, desindustrialização, desaceleração, criaram novos entraves. Temos de encontrar a saída da miséria humana e econômica.
O Brasil ficou à margem da cadeia global de insumos. Será viável essa integração? Enquanto isso não se resolve, devido aos fatores limitantes, vamos perdendo terreno. São problemas de um país mal administrado. A desaceleração econômica atingiu a administração pública displicente nas contas, nas obras, na seriedade e nas contratações eleitoreiras de pessoal. Há várias décadas temos vivido de improvisos e com o aperto da corda, todas as deficiências vieram à tona. O protecionismo criou uma casta privilegiada.
A abertura quebrou a indústria. O câmbio exportou empregos. Como crescer com sustentabilidade? Qual o ponto de equilíbrio entre deixar o real valorizar ou não? Proteger as empresas locais que acabam abusando, ou abrir e deixar desindustrializar? O equilíbrio tem de estar presente nas contas internas e externas.
O montante a ser liberado pelas contas inativas do FGTS pode ultrapassar a R$35 bilhões. Algum movimento deverá ocorrer no comércio nesta fase de desemprego e ajustamento das contas do governo. Para muitos indivíduos será uma gota de água; menos de mil reais a serem usados em dívidas vencidas. Pelo menos há algum movimento na máquina governamental tão propensa à letargia.
O Brasil e o mundo precisam de soluções duradouras que restabeleçam o equilíbrio nas relações econômicas e financeiras entre os países para que a economia possa seguir um ritmo constante e natural em vez do ritmo de economia de bolhas, com ganhos de alguns e perdas de muitos.
A lei do movimento é para todas as pessoas. Como diz a lenda, cobra que não anda, não engole sapo. Andar é se atualizar aprendendo sempre, fazendo o trabalho bem feito e procurando melhorar. Mas a estrutura econômica contém alguns vícios que criaram impasses no mundo atual superpovoado, globalizado, automatizado, com diferentes tratamentos para contratar mão de obra, encargos tributários, câmbio e juros.
Acrescenta-se ainda a incompetência de falsos estadistas e a má fé na gestão do dinheiro público. Isso tudo complicou, criando um clima em que os desfavorecidos precisam da assistência do Estado. No entanto, o que todos necessitam é ter a oportunidade de se preparar, trabalhar de forma eficiente, e ter uma vida condigna, como a grande forma de assegurar equidade na distribuição da riqueza ofertada pela natureza que acabou ficando concentrada em poucas mãos.