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Como lidar com seu adolescente


04/09/2017



Extraído de Seleções do Reader’s Digest-Junho/1973

  Trata-se de texto antigo, mas que mantém a atualidade na questão do preparo das novas gerações. Na atualidade, a situação é ainda mais complicada. O Brasil e o mundo precisam de uma geração forte com clareza no pensar, raciocínio lúcido e que coloque os seus talentos em movimento em prol da melhora geral das condições de vida e da qualidade humana. A adolescência é de fundamental importância para a formação de seres humanos de qualidade. É o abençoado momento da transição da fase infantil sem compromissos para a vida adulta e responsável. 
 
Na Mensagem do Graal, Abdruschin dedica várias dissertações elucidativas sobre a questão da força sexual: 
 
“Não são infundadas as horas em que parece que um moço ou uma jovem têm de carregar toda a dor do mundo, quando lhes surgem pressentimentos duma profunda seriedade.
Também o não se sentir compreendido, que tão frequentemente ocorre, contém em si, na realidade, muito de verdadeiro. É o reconhecimento temporário da conformação errada do mundo em redor, o qual não quer nem pode compreender o sagrado início de um vôo puro às alturas, e só está satisfeito quando essa tão forte intuição exortadora nas almas em amadurecimento é arrastada para baixo, para o “mais real” e sensato, que lhe é mais compreensível e que considera mais adequado à humanidade, julgando, em seu sentido intelectual unilateral, como o único normal!

A graça misteriosamente irradiante duma jovem ou dum moço incorruptos não é outra coisa senão o puro impulso ascendente da força sexual que desperta, visando o que é mais elevado, mais nobre, em união com a força espiritual”!
(A força sexual em sua significação para a ascensão espiritual, Mensagem do Graal). Por: Benedicto Ismael Camargo Dutra
 
Alguns conselhos para os pais que não sabem como criar os filhos durante essa fase confusa e turbulenta chamada adolescência.  
Por: Joan Rattner Heilman
 
Entrevista com o Dr. Martin Symonds:
 
Pergunta. Dr. Symonds, todos os adolescentes são problema?
Resposta. Sim, de um modo ou de outro, num momento ou noutro. Eles sofrem daquilo que eu costumo classificar de “chaga psicológica”. São tremendamente irritadiços. Você diz Olá!, e logo eles respondem: Não chateie!. Você lhes pede que lavem as mãos, e é acusado de brutalidade paternal. Eles contestam, desafiam, resistem, insistem, queixam-se, resmungam, sofrem. Vivem nos extremos – felizes em dado momento, infelizes em outro. Têm grandes projetos, mas pouca tenacidade. Estão de tal forma preocupados com seus próprios problemas, que têm pouco tempo para os outros. Por outro lado, têm o mais baixo teor de autoestima e autoconfiança de todos os grupos etários.
 
P. Por que os adolescentes se comportam desta maneira?
R. Porque são confusos. Além disso, estão, ao mesmo tempo, crescendo fisicamente, mas amadurecendo desordenadamente. Estão deixando a infância, que é essencialmente um período de dependência, e tentando se encontrar. Dizem não para quase tudo, pensando que podem ser diferentes só por diferirem. Concordar com alguma coisa passa a ser encarado como uma submissão ao inimigo. Quando um adulto vê escrito ‘Tinta fresca’, num banco de jardim, não toca no banco. Um adolescente, no entanto, precisa tocá-lo, e depois olhar os dedos e dizer: “é, está fresca mesmo!”. Isso lhes soa como um desafio à autoridade, e até mesmo como algo absurdo. Naquele momento, é seu modo de descobrir por si mesmos o mundo real. Comportam-se assim em todos os setores de sua vida, para desespero dos pais – que gostariam de lhes poupar o desgosto da experiência e da ilusão. Os pais devem lembrar, contudo, de que experiência e ilusão são características próprias da adolescência. Os pais não podem fazer seu adolescente feliz.
 
P. O que causa a maioria das dificuldades nas relações pais/adolescentes?
R. É o fato de os pais abdicarem do seu papel de pais. Em todos os casos de criança-problema que tenho visto, uma coisa é comum: seus pais não estão lhes proporcionando a proteção, o apoio, a orientação de que elas necessitam. Os jovens crescem rápida e desordenadamente, precisando de um forte objetivo pelo qual devem lutar. Os pais devem deixá-los conhecer quais são seus valores – sem beligerância. Para tomar um exemplo simples, se você não gosta de cabelos compridos, manifeste-se mais ou menos assim: “Acontece que eu gosto de cabelos curtos”. E não: “Você fica com um ar repugnante com esse cabelo comprido e pegajoso”.
 
P. Mas, neste mundo em transição, em que os valores estão sendo contestados, os pais têm o direito de ser tão autoritários?
R. Tomar uma posição significa que você não é uma entidade desconhecida para seu filho. Isso não o levará a agir como você, ou fazer o que você quer; isso mostra somente quem é você e em que acredita. Com muita frequência, os pais desistem e deixam seus filhos governá-los. Não é verdade que a juventude de hoje tenha resposta para tudo. Devemos continuar a ser líderes. As crianças mais doentes são as que nunca experimentaram uma frustração.
 
P. O que pensam os pais que acham que fizeram tudo errado?
R. Existe sempre algum motivo para nos sentirmos culpados, porque ninguém é perfeito. Mas o sentimento de culpa prejudica o julgamento, e causa ainda mais problemas do que o erro propriamente dito. Meu conselho para os pais é que deixem de se preocupar com o passado, que se reabilitem, e sejam responsáveis agora, o que significa: façam o melhor que puderem, todos os dias.
 
P. Quando os pais se sentem confusos, o que devem fazer?
R. Creio que devam ler, ouvir, conversar com outros adultos, verbalizar seus pensamentos e se questionar. E depois tomar decisões. É espantoso o que pode acontecer quando os adultos trocam ideias entre si. Primeiro, é um alívio poder desabafar, falar alto. É uma satisfação enorme saber que sua situação não é única, que outros pais lutam com os mesmos problemas a respeito dos filhos, que também chegam a um impasse, e estão, muitas vezes, morrendo de preocupação. Externar nossos pensamentos ajuda a trazer luz sobre os sentimentos que estão ocultos por outros sentimentos. Por exemplo, uma mãe se sente muito apreensiva por causa de sua filha de 14 anos, em quem sente que não pode confiar, que parece lhe estar sempre mentindo, de cujos amigos não gosta. Mas descobre, ao conversar, que sua apreensão encobre o medo de perder o controle da situação, de perder sua filha, na inquietante competição. Descobre, também, conversando sobre seu medo, que a apreensão mascarava seu amor e seu interesse pela filha, e não só pela filha como por si mesma.
 
P. O pior que se pode fazer é não tornar clara a posição que se tem. Além disso, qual a pior coisa que se pode fazer?
R. É o fato de você e seu esposo discordarem na maneira de tratar com o filho. Por trás de cada adolescente angustiado que tenho encontrado em meu trabalho descobri pais com atitudes conflitantes. No momento em que os pais unem suas forças, mesmo que para tomarem posições excêntricas, o jovem melhora. Uma criança e, especialmente um adolescente, precisa de coerência e de sentir um ambiente de harmonia em seu lar.
 
P. É utópico querer que ambos os pais tenham sempre a mesma maneira de pensar sobre o comportamento da criança?
R. Sem dúvida. Mas eles devem passar uma esponja sobre todas as suas diferenças, e chegar a um acordo. Suponhamos que um dos pais não queira que a filha, de 15 anos, chegue em casa depois das 22 horas, e o outro ache que isso não tem importância. Um dos dois tem de escolher. Não acho importante qual seja a decisão tomada, contanto que seja uma só. O importante é que não haja enfraquecimento, que não se possa jogar um contra o outro, como acontece quando um pai diz: “Por mim teria deixado, mas sua mãe não quer que você faça isso”
 
P. Quando o senhor diz que os pais devem tomar uma posição, não estará advogando uma disciplina retrógada?
R. Não. Estou querendo apenas que sejam firmes, dizendo a seus filhos o que esperam e o que gostariam de alcançar deles, mas não estou insinuando que se tornem inflexíveis. Se alguém é intransigente demais, corre o risco de que o adolescente se torne cada vez mais belicoso na sua luta por uma autoexpressão. Evitem ultimatos falsos, como: “Se tornar a se encontrar com esse rapaz, não volte mais para casa”. Em vez disso, ponderem: “Gostaria que você agisse assim ou assim”. Desta maneira, dá-se ao jovem alguma escolha, e ganha-se mais chance de obter cooperação. Você não está desistindo de suas prerrogativas paternas, embora não esteja forçando o jovem a desafiá-lo para alcançar a liberdade.
 
P. Mas se não se pode dar ordens a um adolescente, como se conseguirá que ele faça o que se quer?
R. Ele o fará, somente por respeito a você. A aprovação ou desaprovação paterna é de grande importância para o adolescente, embora nem sempre pareça assim. Ele quer conhecer sua opinião. E quer sua aprovação, como ser humano que é, embora não necessariamente para cada uma de suas decisões. Sugeriria que dissessem a seu filho o que querem e o que esperam dele, mas sempre com bons termos. Por exemplo: “Acho que seu vestido é muito curto”. Isso é bem melhor do que dizer: “Você fica horrível com esse vestido”. Ou: “Quero a casa limpa. Por favor, arrume seu quarto antes de sair”; bem melhor do que: “Por que você não consegue ser limpo e organizado?”. Não veja problemas em tudo que seu filho diz ou faz. Não reaja a tudo. Nem preste atenção demais ao que ele diz, mais do que as palavras isoladamente. Aceite algumas coisas, e não outras. Sinta com o que pode concordar.
 
P. Como resolveria uma divergência de opinião sobre a hora a que um rapaz de 14 anos deve voltar de uma festa?
R. Discutiria, primeiro, a festa: onde é, como ele chegaria lá, e como voltaria. E então diria: “Gostaria que você voltasse lá pelas 11 horas”. Se ele dissesse: “Mas todo mundo vai ficar até meia-noite e meia”, eu conversaria com ele, perguntando se achava razoável estar fora de casa até tão tarde. Se ele achasse que era, eu então diria: “Continuo a achar que meia noite e meia não é uma boa hora. Gostaria, então, que estivesse em casa pelas onze e meia”. Se seu filho tem respeito por você, posso quase garantir que estará em casa na hora marcada. Uma outra alternativa, poderia ser: “Se vai haver problema, talvez fosse melhor não ir à festa dessa vez”.
 
P. Não é mais difícil educar adolescentes agora do que há alguns anos?
R. Acredito que sim. O adolescente de hoje, além de todos os problemas naturais da sua idade, experimenta os efeitos do desinteresse dos adultos. Se os pais acreditam que o mundo está indo para o abismo, ou se se consideram fracassados em suas realizações, por que deveriam seus filhos achar que vale a pena aprender a autodisciplina? Os pais têm de ser otimistas. Precisam ter fé no mundo e no seu futuro; se não, como podem esperar que seus filhos o tenham? Sem a fé, somos como o militar que, antes mesmo que a batalha comece, lamente: “Nunca conseguiremos tomar essa colina”. Se você sente, de fato, que o mundo está carente de esperança, procure fingir que não sabe. O que você disser deve ser honesto, mas não confunda honestidade com confissão total; nem tudo deve ser dito. Não confesse a seu filho suas incertezas sobre o futuro. Permita que ele explore o futuro por si mesmo, mas com o apoio dos pais. Um pai deve também ser otimista a respeito do filho. O espírito de crítica destrói, na criança, a autoimagem, que é a sua parte mais essencial. Os pais devem depositar esperanças no filho, e a confiança de que ele fará o que for certo – e comunicar-lhe isso. Como psiquiatra, descobri que, quando manifesto a convicção de que meus pacientes estão indo bem, eles fazem progressos. Esperança é a coisa mais proveitosa que podemos dar a quem nos vem pedir nosso conselho.
 



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