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Desarranjo planetário

Benedicto Ismael C. Dutra
29/09/2017



 Enfrentamos um desarranjo global na gestão pública. Os líderes se afastam da ideia de que são responsáveis para imprimir melhora geral na qualidade humana e nas condições gerais de vida. Cresce a população, crescem as despesas, falta bom senso. O aumento populacional gera um aumento de encargos e problemas que se agravam com a falta de bom preparo para a vida e integração com a natureza, permanentemente atacada pelo imediatismo. 
 
O grande desequilíbrio global na produção, comércio, empregos e consumo vai se agravando. A OMC, o FMI, a ONU, todos teriam de olhar para isso e encontrar meios de restabelecer o equilíbrio econômico e financeiro entre os países para que sejam evitadas as guerras comerciais pelos mercados e o progresso se faça sem os atuais desníveis que aumentam a miséria e pobreza, com igualdade de oportunidades, mas sem o paternalismo nefasto do manto do Estado.
 
O Brasil, um parceiro frágil, está sendo condenado exatamente em que? Em defender empregos ou empresas? O que a OMC diz de países cuja mão de obra não perde tempo no transporte porque dorme no emprego e não se preocupam com a preservação da natureza e sustentabilidade? 
 
No embate pelo poder econômico, a situação mundial é grave. Há desequilíbrio entre produção, comércio e finanças. China e Estados Unidos compartilham os mercados, mas a China dispõe de população preparada internamente e nas universidades do mundo; acumulou capital e desenvolveu eficiente parque industrial. A influência dos EUA no comércio internacional vai se reduzindo e as consequências para o povo americano são imprevisíveis. Vai surgindo  nova plataforma de comércio entre os países, alimentada pela necessidade de matérias básicas e oferta de industrializados com preços baixos.
 
Quanto ao Brasil, o risco é de se perpetuar como fornecedor de primários com efeitos sobre o progresso e a qualidade de vida, a menos que tenhamos estadistas lúcidos e sinceros para realizar barganhas equilibradas que possibilitem melhor educação e evolução. A China mantém considerável montante de superávit da balança comercial. Uma boa soma para investir pelo mundo. Qual será a tendência para o futuro da economia mundial? Como as contas vão fechar? China injeta dinheiro. Qual é o efeito sobre o país destinatário? Aumenta emprego, a economia cresce? Como a China recupera o valor investido? A transação traz ganhos para os dois lados?
 
Com primarismo, improvisação e incompetência mais de 80% dos municípios encerraram 2016 em situação fiscal difícil ou crítica. Apenas 13,8% das prefeituras foram consideradas de boa gestão. O Brasil afundou na dívida e no despreparo das novas gerações, o que torna a situação ainda mais difícil, mas isso está sendo deixado para depois. A disputa da hora é sobre quem vai ficar no comando após a eleição 2018. Estão apagando o fogo do déficit, da previdência, dos escândalos, mas precisamos de planos que promovam a recuperação geral e renascimento do país. 
 
Muitas festas. Muita bebida, sexo, drogas, tudo adornado com a corrupção. Velhos políticos se perderam em orgias, assim como estamos perdendo as novas gerações nos embalos das madrugadas. Que futuro poderemos ter? Como o Brasil poderá promover dinamismo na economia apesar da dívida e sua projeção maligna? Quais são as alternativas que permitiriam sair do fundo do poço na produção, empregos, renda e dinheiro em circulação, enfim consumo condigno em um país de tantos recursos mal aproveitados? Mas não faltam candidatos cobiçando a presidência em 2018. Fala-se no controle do déficit e da dívida nos próximos cinco anos, no ajuste da previdência, mas não se dedicam a um plano sério de renascimento e recuperação do país. O egoísmo e a vaidade dominam o cérebro atordoando a boa vontade. Para se promoverem pseudo-estadistas não vacilam em vender tudo, mesmo que não lhes pertence. 
 
A visão de melhor futuro depende da qualidade dos líderes, dos estadistas, da boa educação e preparo da população. Além disso, é necessário que o mercado interno seja fortalecido e haja dinheiro circulando naturalmente, coisa sempre escassa no Brasil de juros altos e baixa escolaridade. Precisamos estabelecer alvos nobres que tenham como prioridade a melhora geral das condições de vida no planeta e aprimoramento da nossa espécie.
 



Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Hotel Transamerica Berrini e é associado ao Rotary Club de São Paulo. É articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. É também coordenador dos sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br, e autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012...e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens” ,“A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin - Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7
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