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Economia e ecologia têm de andar juntas

Benedicto Ismael C. Dutra
09/11/2017



 Como tirar proveito dos resultados da globalização sem comprometer o que já havia sido conquistado em termos de qualidade de vida? O mundo se defronta com temas preocupantes como a redução dos empregos, a ascensão de líderes populistas e nacionalistas, o progressivo avanço das alterações do clima e a disseminação de ódio entre os seres humanos.
 
O capitalismo e a economia de mercado criaram oportunidades possibilitando a saída de bilhões de pessoas da pobreza. No entanto, após a crise de 2008, a globalização passou a ser execrada, pois afetou a vida de muitas pessoas, tanto nos países desenvolvidos como nos emergentes que se defrontam com a concorrência internacional, reduzindo a esperança quanto à conquista de futuro melhor para os descendentes.  
 
Nos séculos passados, a elite pensante estava atenta à trajetória da humanidade. Com o passar do tempo o foco foi mudando e hoje o planeta se apresenta com tumores e cicatrizes, e de novo os cientistas buscam fazer alertas sobre as ameaças que pairam sobre a nossa espécie.Também o economista Angus Deaton demonstrou sua preocupação nesse sentido no livro A grande saída.
 
O sistema asiático de gestão do Estado, com centralização do poder, conta com mão de obra farta e de baixo custo, possibilitando competitiva oferta massiva de bens. Enquanto os EUA guerreavam no Iraque, os asiáticos iam consolidando sua posição. Hoje, o presidente Trump encena mudanças, mas para reverter a situação teria de haver um esforço de equilíbrio global entre os países para estabelecer um ganha-ganha na produção, comércio, empregos e consumo, sem esquecer o bom preparo da população.  
 
Em países como o Brasil, apesar de tudo que se exporta em commodities, ainda há déficit nas contas. Os homens e as nações se digladiam pelo poder e riqueza eissonão é de agora. A fase inicial do liberalismo caracterizava-se por sangrenta competição que considerava a economia como a grande selva que esparramou miséria pelo planeta. Tudo foi sendo conduzido de forma a camuflar a cobiça por riqueza e poder, mas na falta de uma visão responsável sobre o futuro surgiram consequências inconvenientes, abrindo-se espaço para os revoltados, fanáticos e para os populistas que cativam a massa indolente com disseminação de ódio e promessas irrealizáveis. 
 
A elite governante não se ocupou com a ampliação da miséria e com a melhora das condições gerais. O poder estatal mostra a sua incapacidade e incoerência. A boa administração das nações depende de equipes coordenadas que visem à continuada melhora das condições de vida, em paz e com liberdade, agindo com seriedade e apoiadas por uma população bem preparada e imbuída dos mesmos propósitos.
 
O progresso depende do bom preparo das novas gerações para a vida de forma a possibilitar oaproveitamento de todos os talentos; sem isso, a estagnação será fatalmente alcançada. O grande laboratório para aprendizado está no contato com a natureza, sua beleza e sua lógica. Um vídeo pode mostrar as belezas, mas é necessário ver as coisas de perto, por a mão na massa, ver fazer, fazer de fato, tudo contribuindo para a boa assimilação, descortino, iniciativa, decisão. Com os novos processos tecnológicos, corre-se o risco de osindivíduos passarem a agir como máquinas, sem intuição própria, sem concentração, apenas executando comandos. 
 
Economia e ecologia deveriam andar juntas, mas a “financeirização” de tudo, que dá prioridade ao ganho financeiro especulativo, foi o grande divisor, retirando o olhar responsável pelo futuro. Cada pessoa que nasce tem o impulso para evoluir voltado para o bem e ao reconhecimento do significado da vida e das leis da natureza para trazer sua contribuição beneficiadora. No entanto, o impulso pode ser desviado para o mal, impondo decadência e destruição. O homem tem de se tornar ser humano de fato.  
 
A Criação não surgiu por acaso; existem leis da natureza que regem a vida. O estudo sério e objetivo da ciência da natureza em sua beleza, coerência e lógica pode conduzir as novas gerações ao reconhecimento da finalidade da vida e ao autoaprimoramento para se tornarem beneficiadoras do mundo. Mas é necessário que cada indivíduo esteja atento e desperto para a consciente tomada de decisão. 
 
 
 
 



Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Hotel Transamerica Berrini e é associado ao Rotary Club de São Paulo. É articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. É também coordenador dos sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br, e autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012...e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens” ,“A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin - Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7
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