Na fase mais romântica do século passado as pessoas anteviam um futuro maravilhoso para a humanidade, com paz, consideração e progresso. O século 21 chegou e com ele os estrondos de 11 de setembro de 2001 pondo abaixo as torres gêmeas de New York. Toda fumaça e destroços logo fizeram com que as pessoas se conscientizassem de que estavam erradas, pois o novo século surgia diante de acirrados conflitos demonstrando que a humanidade não havia percorrido os caminhos da sabedoria, permanecendo bruta e ignorante.
No final do século passado, no governo Bill Clinton, New York mantinha uma aura de modelo mundial de prosperidade e vida feliz, mas logo após vieram a guerra do petróleo e a crise gerada pelos abusos financeiros.
De repente, no século 21, torna-se visível o descontrole do crescimento das dívidas dos países ricos, em muitos casos superiores a tudo que o país produz em um ano, o que acarretará um dispêndio em juros de até 20% dos orçamentos. Estão em curso programas de ajustes que reduzirão todas as demais despesas, afetando a produção, consumo e empregos. Despreparadas as populações se revoltam. Fica difícil prever o futuro.
Então o que está havendo? Como conciliar o enorme diferencial entre a economia real e o mercado financeiro onde os papeis em circulação correspondem a várias vezes o PIB real? Enfim, trata-se de crise financeira ou crise econômica? Na verdade, economia e finanças não compõem o cenário mais apropriado, pois estamos diante de uma crise da humanidade, ou seja uma crise do modelo de civilização imediatista que temos adotado a partir da monetização de tudo na vida, o que fez com que nos esquecêssemos de nossa transitoriedade e de nossas responsabilidades no trato com a natureza e para com as gerações futuras. Nestes séculos de progresso inconsequente, envenenamos o planeta com lixo e pensamentos negativos, e não formamos uma geração de seres humanos capacitada para colher progresso e felicidade através da integração com as leis da natureza. Tudo se tornou caótico.
Agora nos defrontamos com múltiplas situações de desequilíbrio a começar pelo populacional. Ademais temos o déficit de recursos naturais, o déficit financeiro dos países endividados, e uma grande massa de incultos e despreparados para a vida.
As soluções exigem muito esforço e desprendimento, pois importa salvar o planeta e a humanidade e, para isso, não podemos continuar explorando o planeta da forma como o temos feito, pois o equilíbrio natural foi perturbado e estamos vivendo em regime de exceção com inúmeras tragédias naturais ocorrendo simultaneamente em várias regiões. Justiça, consideração e sabedoria são os ingredientes indispensáveis na busca por soluções pacíficas, no entanto terão de ser vencidos os egoísmos, a sede de poder e a competição generalizada que vê no outro um potencial inimigo a ser subjugado. Necessitamos de uma nova visão de mundo que leve tudo isso em consideração, para que os humanos possam cumprir sua tarefa e assumir o lugar que lhes cabe na vida.