Conversando com um colega que exerce a função de gerente numa importante empresa de serviços, disse-me ele que os jovens estão sem esperanças de que a vida possa melhorar, daí muitos deles desleixam os estudos, demonstram falta de interesse pela vida e, não poucos, acabam resvalando para o uso de drogas.
Na verdade atualmente esse estado de coisas é mais amplo, atingindo jovens e adultos de ambos os sexos que necessitam de modelos que os levem a uma busca de sentido e de uma forma de vida mais significativa. O filme “Comer, rezar, amar” que se baseia na história da escritora Elizabeth Gilbert em sua busca de sentido para a sua vida de divorciada sem amor e sem a alegria de viver. Apesar de se tratar de situação semelhante a de muitas mulheres, não chega a empolgar como modelo inspirador devido à superficialidade dos personagens.
De fato, viajar e conhecer outras cidades e outras culturas é muito gratificante e enriquecedor. Mas como ficam as pessoas que não podem viajar? Será que não conseguirão encontrar uma saída para as suas aflições e falta de alegria de viver?
Comer é uma necessidade do corpo, como outras que precisam ser respeitadas e atendidas, e comer com satisfação, em boa companhia, com gratidão transbordante em alegria pelos frutos que a natureza nos oferece, é majestoso, mas não podemos nos esquecer que garimpar obsessivamente pelas cozinhas e adegas não é a principal finalidade da vida.
Amar é o fundamento da nossa essência humana. Mas amar não é só o relacionamento sexual entre o homem e a mulher. Por isso foi muito boa a cena em que ela se afasta do cara que tinha acabado de conhecer e que foi logo tirando a roupa na praia, oferecendo sexo, mas ela foi saindo fora sem se interessar por sexo como paliativo por estar só e deprimida. O amor é uma das características que faz o ser humano, incandescendo-o para atitudes de nobreza e heroísmo, elevando-o. No amor puro há o desejo de poder fazer algo bem grande para o ser querido, sem ofendê-lo nem magoá-lo, mantendo viva a mais delicada consideração.
A trajetória de Liz (Julia Roberts) é inquietadora, originaria da cultura tempo é dinheiro, foi parar na Itália onde, em companhia de pessoas vazias sem um querer definido além de comer, dormir e se divertir, ela ficou procurando comida e diversão. Passou pela Índia e suas precariedades humanas onde se esforçou para manter o silêncio. Indo a Bali, ela conversou sobre a vida com um simpático guru idoso e sem dentes que recomendava a ela que sorrisse, com o rosto e todo o corpo, até ao importante fígado. Lá ela encontrou um marido brasileiro. Mas o alongamento das cenas fez com que o público olhasse muito para o relógio e no final, se levantasse rapidamente da cadeira.
No entanto Liz vivenciou boas experiências ao aprender a limpar a mente e reduzir os pensamentos inúteis, e procurar sentir com clareza o seu querer mais íntimo. Como esclareceu Abdruschin, na Mensagem do Graal, o querer interior é o grande poder inerente ao espírito. A força ou movimento do querer é que exerce a atração da igual espécie.
Para fugir do desânimo e da depressão os humanos precisam tornar suas vidas significativas, saberem o que querem ter, ser, fazer, enfim terem propósitos. Quando isso não é cultivado, surge o produto de massa, inculto e sem muito preparo para a vida, que se submete a todo tipo de manipulação externa em suas motivações.
Enfim, rezar tem sido compreendido como ficar repetindo e repetindo frases pré-elaboradas. Já o orar é um querer que vem do íntimo, é a busca pela Luz verdadeira, a iluminação, que fortalece e dá a esperança de que a melhora está a caminho e logo vai nos encontrar para reduzir as aflitivas condições em que nos envolvemos devido às nossas decisões ou omissões. Então, com paz e alegria preencherão o nosso coração aflito.