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CONFLITO DE GERAÇÕES

Jerônimo Mendes
22/08/2011



Se você conseguir conviver com quatros gerações distintas e uma nova geração que se aproxima, sua vida será uma maravilha, entretanto, isso não é tão simples quanto você imagina. Entenda as diferenças e saiba como conviver com cada uma delas no ambiente de trabalho.

A dinâmica atual dos negócios consegue reunir quatro gerações distintas no mesmo ambiente de trabalho: a Geração Tradicional, dos nascidos até a década de 1950; a dos chamados Baby Boomers, dos nascidos entre 1951 e 1964; a Geração X, dos nascidos entre os anos de 1965 e 1983; e a “famigerada” Geração Y, muito bem representada pelos meus filhos, nascidos a partir de 1984.

De acordo com pesquisa realizada pelo IBOPE Inteligência e divulgada na Revista HSM Eletrônica nº 57, os filhos da Geração Tradicional eram dedicados, cultuavam uma perspectiva essencialmente prática e mantinham profundo respeito diante da autoridade. A liderança se dava por hierarquia e dentro dela reinava um imenso espírito de sacrifício. Pense nos seus pais, avós e bisavós, recém-libertados de um período de guerra, autoritarismo e escravidão, muitos deles imigrantes, expulsos de sua terra natal. Boa parte deles é fruto da Grande Depressão de 1929 que destruiu fortunas imensas no mundo inteiro e agravou ainda mais a situação do Terceiro Mundo.

A Geração Baby Boomers é a geração nascida no pós-guerra (Segunda Guerra Mundial) a qual, salvo raras exceções, mantinha uma perspectiva otimista e uma profunda ética profissional, porém a postura diante da autoridade era uma relação de amor e ódio. A liderança se dava por consenso e apresentava um grande espírito de automotivação, apesar das incertezas. Esse conceito não é tão amplo para nós quanto é para os americanos, japoneses, ingleses e alemães, entre outros, que viveram o período difícil, antes e depois da Segunda Guerra.

A Geração X, apesar de possuir uma ética profissional equilibrada, é a que mantém uma perspectiva cética e uma postura desinteressada diante da autoridade. Para os profissionais da Geração X, a liderança é fruto da competência e, segundo a pesquisa, pesa sobre eles um espírito de anticompromisso diante da realidade. Atualmente, a Geração X ainda domina a hierarquia na maioria das organizações. Trata-se de uma geração que também é fruto do Mito da Tecnologia e da Modernidade, a qual, diferente das gerações anteriores, teve acesso a novos mercados, a novas línguas e a tecnologia após a década de 1980.

Por fim, abrimos espaço para a “famigerada” Geração Y, representada pelos nossos netos, filhos, sobrinhos e filhos dos nossos amigos. Costumo me referir a eles como a geração “prepotência” ou “autossuficiente” com uma boa dose de carinho para evitar conflitos. Não pode ser diferente, afinal, quando você menos espera, eles se transformam em chefes ou líderes de equipes e contestam tudo o que existe e o que você diz. A única maneira de segurá-los, até certo ponto, é pelo bolso, pois sem dinheiro eles voltam a ser simples mortais.

Apesar de tudo, a Geração Y mantém uma perspectiva esperançosa, é decidida, esbalda-se em cortesia diante da autoridade. Aqui, a liderança assume um espírito de coletivismo e, de certa forma, de inclusão. É a geração que domina o mouse, o blog e o i-Phone com extrema facilidade fazendo uso das múltiplas inteligências para o fortalecimento de suas próprias redes sociais.

Com essas quatro gerações convivendo no mesmo espaço, a nossa forma de ver o mundo deve se ajustar radicalmente. Coisas do tipo “no meu tempo era assim”, “você não sabe o que é sofrimento” ou ainda “ah, se fosse no meu tempo” não faz a menor diferença. No mundo de hoje, experiência é apenas uma etapa que já foi cumprida e não mais um diferencial no mercado de trabalho, ávido por cabeças pensantes recém-formadas e por uma carga de energia que nem sempre os mais experientes estão dispostos a fornecer.

De fato, o meu tempo, o seu tempo, o nosso tempo não existe mais. O que existe é um novo tempo onde as empresas e as pessoas estão muito mais preocupadas com os resultados imediatos do que com o futuro da humanidade e com os conflitos de gerações. Aliás, se o conflito for bom para o crescimento da organização, acaba sendo até estimulado, afinal, um pouco de pressão não faz mal a ninguém; ao contrário, acirra os ânimos e amplia a competição.

A convivência pacífica entre quatro gerações distintas requer um novo olhar sobre a organização e uma nova forma de liderança. Substituir profissionais apenas pela necessidade de oxigenação é um pensamento simplista demais, além de desumano. Em qualquer empresa existe espaço para todas as gerações embora a maioria delas continue optando pela impetuosidade dos mais novos em nome do imediatismo.

Todas as gerações que ainda constituem a população economicamente ativa do planeta têm muito que contribuir. A questão é saber como lidar com todas elas considerando tamanha diversidade. Aqui vão algumas dicas para começar a entender o que ocorre no momento atual e para saber lidar um pouco com tudo isso. O restante fica por conta da habilidade de cada um, independentemente da geração em que você se enquadre.

  1. Mesclar energia e experiência, sabedoria e impetuosidade, sensatez e tecnologia é uma tarefa digna de líderes maduros que compreendem profundamente as vantagens e os benefícios da diversidade; tenha bem claro em mente o que cada geração pode produzir; se você tenta igualar o conhecimento e o resultado, a frustração é óbvia;
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  3. Entender as diferenças básicas entre as quatro gerações é a chave para o acordo de paz entre elas, caso contrário, a convivência e o entendimento se torna impossível;
  4. Compreender e aceitar as diferenças de cada geração não significa abrir mão de suas convicções, princípios e valores; ouvir um ponto de vista diferente não significa que você deve concordar com ele; ter um membro de cada geração na equipe não significa que você não é um bom líder, ao contrário, significa maturidade para lidar com ideias e comportamentos diferentes;
  5. Quanto mais antiga a sua geração, maior a sabedoria, portanto, não discuta nem insista, apenas coloque o seu ponto de vista; sabedoria é diferente de inteligência; se você não tem poder de decisão, não perca seu tempo nem sua energia, continue remando ou apenas mude de rio.
Pense nisso e seja feliz!
 



Jerônimo Mendes é Administrador, Professor Universitário e Palestrante, Especialista em Desenvolvimento Pessoal e Profissional, apaixonado por Empreendedorismo.
Comentários:


anderson gobbi (anderso) comentou em 30/04/2013 - 15:04:43

bom comentario adorei

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