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VAZAMENTO NA BACIA DE CAMPOS SAI DO ANONIMATO

Fernando Gabeira
20/11/2011



O vazamento de óleo na Bacia de Campos quase passa batido na sua primeira semana. Imprensa, deputados e especialistas não se interessaram tanto pela mancha de 63 km² no litoral fluminense.

O vazamento aconteceu no campo de Frade e, pela primeira vez, através da delegacia do Meio Ambiente da PF ficamos sabendo que a Chevron, empresa responsável pelo vazamento, talvez esteja escondendo dados importantes.

Leio que o secretário de Meio Ambiente do Rio, Carlos Minc vai sobrevoar a área amanhã. O governador Cabral, ainda nem tocou no assunto. Minc costumava ser mais rápido no gatilho.

O delegado da PF, Fábio Scliar, afirmou que, ao contrário do informado, o vazamento ainda não foi contido e que não viu uma frota de 17 navios trabalhando para conter a mancha, mas apenas um.

 

Imagens do Golfo do México, onde a plataforma era da Transocean. (Reuters)

Pode ser que o vazamento seja mais grave, como suspeita o delegado. O que impressiona é como o Brasil é blasé. Em outros países, pelo menos as imagens seriam mostradas na televisão.

Aqui só se lê a nota da Chevron. O Rio deveria se mexer mais porque está lutando pelos royalties do petróleo. Precisa mostrar que cuida do seu litoral e está atento. E o Brasil sinalizar com seriedade para quem vem explorar o pré-sal.

Ontem, a bancada do Rio no Congresso foi informada do vazamento. Uma comissão externa de deputados fluminenses, sem custos para o Congresso, deve ser formada.

Ouvi um locutor dizer, com alívio, que houve o vazamento, mas que a mancha estava se afastando do litoral brasileiro. Talvez tenha sido essa a causa do desinteresse – o rumo dos ventos.

Como se o mar territorial fosse um universo fechado e fora dele nada nos preocupe.

O Globo de hoje publica uma página inteira com as declarações do delegado e informa que a proprietária da plataforma da Chevron é a Transocean que esteve no centro do desastre da BP, no Golfo do México.

A esta altura, tanto a Chevron como a Transocean devem estar pensando como é mais fácil administrar um desastre num país em que ninguém vai inspecionar o lugar imediatamente, que não divulga as imagens do poço, não rastreia o curso da mancha, nem examina como foi dada a licença ambiental. Ainda por cima é um país tropical, abençoado por Deus.

Toda essa celebração em torno do pré-sal só faz nos preocupar com o futuro do oceano brasileiro, pois na faixa em que o óleo será explorado, circula a maioria das espécies em extinção em nossos mares.

Fonte: Estadão – Blog Fernando Gabeira




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