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EQUILÍBRIO VITAL

Nilson Fernandes
06/12/2011



Século II a.C. Os imperadores chineses, que por mais de cinco mil anos administraram o mais populoso e desenvolvido país do planeta, já então garantiam a boa saúde do povo distribuindo pelas cidades, vilas e aldeias, através dos governantes locais (os mandarins), acupunturistas tradicionais. Na gênese, poderemos constatar alguma similitude entre essa prática e o ideal do Programa Saúde da Família (PSF), desenvolvido aqui no Brasil. Formados no entorno do palácio imperial, os acupunturistas detinham conhecimento amplo e diverso, atuando na prevenção das doenças. Por exemplo: em uma aldeia com dez famílias, o conjunto desses núcleos recebia cem moedas como salário, sendo dez por cada casa. Cada membro da família, por sua força produtiva, representava um valor no ordenado do acupunturista. Na família de 4 membros, ao pai cabia receber 5 moedas; a mãe, 3; e cada filho, 1 moeda. Se o pai adoecesse, o profissional não receberia o valor que a ele correspondia – de 5 moedas. Se todos adoecessem, nada receberia, portanto. Por isso, o acupunturista preocupava-se mais em manter a saúde, em cuidar das pessoas e não apenas tratar a doença. Diferente de hoje, em que a doença é o foco, não a pessoa. Na visão da tradição chinesa, o equilíbrio e a não-doença é que é o natural da vida. Só adoecemos porque nosso corpo se desequilibra e permite que algum mal se instale. Assim, esses conselheiros da saúde da China Antiga indicavam desde o local mais adequado para a construção da casa, a distribuição dos cômodos e dos elementos internos, até a escolha dos odores e cores mais convenientes. Passavam também pela dietética, sugerindo a alimentação adequada para cada época do ano. Os acupunturistas de antanho recomendavam exercícios físicos, como o Tai Chi Chuan, para auxiliar na recuperação do corpo, e indicavam chás e infusões com plantas, ervas e elementos naturais. Atuavam com o mais amplo sistema de prevenção, cura e profilaxia existente até hoje – a acupuntura efetivamente tradicional. Acupuntura essa, cujo mais amplo exame, obrigatório e necessário para o benefício do paciente, é a pulsologia. Através de uma análise detida dos pulsos do paciente o acupunturista realiza o diagnóstico correto. Tais pulsos, chamados de “reveladores”, indicam até a existência de enfermidades que ainda não se manifestaram no aspecto físico. Esse exame, apenas ele, é capaz de revelar os desequilíbrios energéticos que o corpo tem e que se interrelacionam com os diversos órgãos e estruturas orgânicas. É como dizem os psicólogos: antes de adoecer no corpo, adoece-se na alma.

Na acupuntura, a máxima é adaptada: antes de se adoecer no corpo, adoece-se na energia. Não é apenas Albert Einstein (em sua concepção de identidade entre matéria e energia) que corrobora as percepções milenares dessa tradição. Toda ciência, à medida que evolui, comprova o que a Acupuntura nos ensina. E tem evoluído a tal ponto que, em muitos países, é o primeiro procedimento médico adotado. Na quase totalidade dos casos ela resolve. Não vemos outro caminho para o futuro de uma saúde universal senão com a prevenção.

Lembrete: não é a faculdade que o acupunturista faz que indica a sua qualidade como terapeuta, mas a escola onde ele se especializou. Muitos há que dizem ser acupunturistas, quando em verdade são meros "enfiadores de agulhas", sem absolutamente querer desmerecê-las.

Sem tomar o pulso, nem entender de energias (do ser humano em sua integralidade), não se pode ser preventivo. Analise se aquele que o atende é realmente tradicional. E tenha saúde, seja feliz.

Fonte: Diário do Nordeste




Nilson Fernandes – professor de Medicina Tradicional Chinesa
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