RSS
 

O QUE É TRANSTORNO BIPOLAR?


15/06/2012



O ser humano é forte para suportar problemas. Nós fomos criados de tal maneira para enfrentarmos problemas, administrarmos problemas e quando isso falha é porque algo está errado precisando de um diagnóstico e tratamento adequados.

Palestra realizada no Rotary Club São Paulo em 16/maio/2012.

Na foto: A palestrante Dra. Doris Hupfeld Moreno e o presidente Oswaldo Roberto Pacheco Campiglia.

Compareceu a nossa última reunião-almoço a Dra. Doris Hupfeld Moreno, médica com mestrado em Psiquiatria pela Universidade de São Paulo e doutorado em Psiquiatria pela Universidade de São Paulo, com atuação principalmente em Psiquiatria, Transtorno Bipolar, Depressão, Psicofarmacologia e Transtorno Bipolar do Humor. Possui vários livros e trabalhos técnicos publicados e outras atividades correlatas. A seguir apresentamos um resumo de sua excelente palestra proferida no RCSP atendendo a convite de seu Presidente Oswaldo Roberto P. Campiglia.

Ao iniciar disse ser uma honra poder conversar com os presentes naquele momento e que falaria sobre o Transtorno Bipolar – TB, que é uma doença psiquiátrica crônica já descrita desde os antigos gregos (Hipócrates). Antigamente era chamada de Psicose Maníacodepressiva e o nome foi trocado na década de 90. Ela é caracterizada por alterações em várias esferas do nosso cérebro que dizem respeito à forma de sentir, de se comportar e de pensar.

Continuando disse: – Não é o que a gente sente e pensa, mas existe uma alteração na forma de como o pensar e o sentir acontecem. Há alterações no humor, nos sentimentos e pensamentos. Existem aceleração, lentidão, confusão e falta de concentração. Para se fazer um diagnóstico é preciso haver uma série de características que se repitam em seres humanos em qualquer lugar do planeta. Não sendo assim não poderíamos falar de um problema médico.

A seguir falou que os pacientes com TB apresentam diferentes tipos de humor. Uma pessoa que está em mania, (não é mania de fazer as coisas, vem do grego furor) que é o termo técnico, não está se sentindo feliz ou alegre, existem mudanças muito mais acentuadas como empolgação, euforia, apatia e depressão.

O TB é uma doença grave, potencialmente letal. Existe uma subdivisão importante o TB tipo I e o TB tipo II. O tipo I é aquele em que a pessoa teve ao longo da vida depressões de diversas intensidades e muitas vezes não se dá conta disso e apresentou ao menos um episódio de mania, que tem a haver com expansão, exaltação, humor no sentido de ser algo que os outros percebam, principalmente quando é irritável (mais grave). Existe um outro tipo mais leve que é a hipomania. No TB tipo II por definição, – a pessoa nunca pode ter tido um episódio de mania. Somente euforias mais leves que muitas vezes passam despercebidas. Duram alguns dias como se tivesse melhorado da depressão e com um pique melhor que o habitual. Isso tem grande importância porque o tratamento do TB é diferente do tratamento da depressão que não é bipolar. O médico precisa investigar se a depressão é bipolar ou não.

A seguir falou sobre o que acontece com a população em geral e estudos de diferentes amostras populacionais do mundo e que a prevalência da forma TB tipo I (mais grave) é de 0,5 a 3% na população em geral. Outro estudo apresenta TB tipo II com variações de 0,7% a 8% na população geral. As formas mais leves do problema podem chegar a 10% da população geral. Segundo outros estudos a doença se inicia em crianças de 9 anos de idade e que aos 19 e aos 30 anos já desenvolveram a doença. A causa do TB está na cadeia de DNA. A genética e o ambiente contam para uma pessoa desenvolver o TB. Existem uma série de interações entre o TB, a personalidade, o ambiente e a espiritualidade.

Características de personalidade, com respeito a caráter, temperamento, ser do bem, ser do mal, introvertido, extrovertido, ser cauteloso ou atirado, podem fazer com que os sintomas sejam mais graves e possam fazer com que alguém seja um criminoso dos maiores ou um dos maiores benevolentes, com a mesma sintomatologia.

Em termos de ambiente, é importante a família, trabalho, estudo, a luminosidade, estação do ano, pós parto, uso de drogas – álcool, medicamentos, presença de doenças, alterações do ciclo sono-vigília. Tudo isso pode agravar ou proteger uma pessoa contra o TB. Religião, pertencer a uma entidade, ter ideais, filosofia de vida, equilíbrio, paz, vida regrada – podem proteger contra os danos que sintomas podem causar.

Os remédios para tratamento do TB não causam dependência. Os danos ao cérebro existem quando ao longo da vida a doença não é tratada e traz risco de vida. Suicídio é característico do TB, não da depressão não bipolar. Existem outras causas de morte, a maior parte delas associadas ao TB como neoplasias, doenças cardiovasculares, cerebrovasculares e por outras causas.

Continuando disse que o TB é considerado como uma doença qualquer, mas que existe uma grande dificuldade na área médica quanto ao seu diagnóstico. Alguns sintomas da depressão – basicamente, o que acontece no paciente é não sentir tristeza normal, genuína. A pessoa com depressão é incapaz de sentir. As emoções e os sentimentos são alterados e o que existe é uma baixa energia, uma lentificação dos processos psíquicos e uma incapacidade de sentir prazer ou alegria. Só sente pelo lado negativo. Tem dificuldade de levantar da cama pela manhã. Perda da libido. Insônia ou sono demais.

Sintomas da mania e na hipomania – não é uma sensação de felicidade ou prazer, mas há uma aceleração, pensamento rápido demais, há impaciência, brigas na família e aumento de sensibilidade a estresse. Agressividade ou o pavio curto. Perda do medo e sensação de poder. Existe o estado misto, onde há a mistura dos sintomas, onde uma pessoa não consegue levantar da cama, mas com o pensamento “a mil”, porque o cérebro não desliga. O TB apresenta os impulsos aumentados. Para sexo, para compras e para bebidas.

Muitos exemplos e situações foram apresentados mostrando possíveis erros de diagnósticos. A seguir disse que o ser humano é forte para suportar problemas. Nós fomos criados de tal maneira para enfrentarmos problemas, administrarmos problemas e quando isso falha é porque algo está errado, precisando de um diagnóstico e tratamento adequados. Sem medicação a doença cursa livremente pelo resto da vida e ela para por alguns anos e depois volta. O tratamento é para que a pessoa possa competir em pé de igualdade com pessoas que não têm o problema disse ao finalizar e agradecendo a atenção de todos.

Atendendo a perguntas disse a palestrante – Sobre o sentimento do luto – É um processo normal, não se medica, não se considera doença até um limite considerado normal (maior de 6 meses). As mulheres com TB durante a TPM têm os sintomas agravados no período. A depressão é mais frequente nas mulheres na faixa da puberdade à menopausa que nos homens de igual idade. A partir daí o risco é igual para os dois sexos.

Fonte: Servir

Palestra da Dra. Doris Hupfeld Moreno disponível em vídeo.



Comentários:


Alinete da Silva Yoyo Niimi (ALINETE.NIIMI@HOTMAIL.COM) comentou em 04/03/2013 - 00:03:58

Gostei muito sobre o assunto que foi abordado hoje no programa '' Transtorno Bipolar''. Gostaria de postar um comentário na minha página no facebook, mas queria a sua permisão para o mesmo..

Edimir Vieira Santos (edimir66@hotmail.com) comentou em 01/09/2014 - 07:09:41

assistir parte da entrevista do programa de frente para gabi, fiquei assustado com o índice de suicídio no Brasil,porém, foi um alerta. Parabéns pelo seu trabalho.

Os comentários não representam a opinião do site Vidaeaprendizado, a responsabilidade é do autor da mensagem.
Enviar um Comentário:

Nome:
Email:
  Publicar meu email
Comentário:
Digite o texto que
aparece na imagem:

Vida e Aprendizado 2011.
Reproduçao total ou parcial do conteúdo deste site deverá mencionar a fonte.