O derretimento recorde registrado neste verão das camadas de gelo do Oceano Ártico pode ter como principal resultado a curto prazo um inverno bem mais rigoroso para a Europa ainda no fim deste ano – especialmente nos países escandinavos e no Reino Unido. Nos últimos anos, especialmente 2007 e 2011, o norte da Europa tem sido alvo de invernos muito rigorosos quando precedidos por verões intensos e que registram níveis baixos na calota polar.

A possibilidade foi levantada por universidades norte-americanas e norueguesas que, embora não tenham como confirmar essa previsão, consideram-na como uma consequência lógica. Jennifer Francis, pesquisadora da Universidade Rutgers, em Nova Jersey, afirma que “não estaria surpresa se passarmos por um verão extremo”.

Para Kim Holmén, diretor do Instituto Polar norueguês, as velocidades das correntes de ar e do vento são determinadas pela diferença de temperatura entre os trópicos e o Ártico. Uma mudança no Ártico, portanto, pode influenciar nas correntes que passam pela Europa.

"Quando não houver gelo no Ártico, a região não será mais branca e absorverá mais luz do sol. Essa mudança poderá influenciar sistemas de ventos e onde a precipitação ocorre. No norte da Europa, isso pode significar precipitação maior, enquanto o sul da Europa pode se tornar mais seco", afirma Holmén à rede britânica BBC.

No mês passado, o derretimento deixou o gelo do Ártico no seu menor nível em mais de 30 anos, desde que começaram as medições via satélite. Nesse ano, a região ártica detectou, em agosto, um nível de degelo de uma área maior do que a França ou os Estados do Texas e Minas Gerais. Na Noruega, cientistas alertam para o fato de que o gelo no Ártico está derretendo a uma velocidade maior do que a média. Pesquisadores afirmam que o mar de gelo está ficando cada vez mais fino e vulnerável no norte do planeta.

O Departamento de Meteorologia britânico, que relaciona o derretimento de gelo recorde ao fenômeno do aquecimento global, também afirmou que o evento tem relação com as baixas temperaturas no fim do ano. O degelo no Ártico é natural durante o verão, época em que o sol chega a ficar 24 horas presente no horizonte.

Fonte: OperaMundi