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PROGRESSO HUMANO E REGRESSO AMBIENTAL

José Eustáquio Diniz Alves
28/05/2013



A humanidade deu um grande salto e se tornou uma força em escala planetária. Pode-se dizer, sem dúvidas, que houve progresso humano desde o início da Revolução Industrial, em 1750, especialmente no último século e, mais particularmente, nas 6 décadas passadas. Mas o mesmo não se pode dizer em relação ao meio ambiente, pois o progresso da humanidade aconteceu às custas da regressão das condições ambientais.

As áreas de florestas estão diminuindo para atender a demanda de madeira e a demanda de espaço para a agricultura e a pecuária. Espécies invasoras substituem a vegetação original. O mau uso do solo provoca erosão, salinização e desertificação. A poluição dos rios diminui a disponibilidade de água doce e provoca a mortandade de peixes. Lagos, como o mar da Aral estão diminuindo ou secando para atender aos interesses da irrigação. A contaminação química e os agrotóxicos matam indiscriminadamente a vida terrestre e aquática. Aquíferos fósseis estão desaparecendo e os aquíferos renováveis não estão conseguindo manter os níveis de reposição dos estoques. A vida nos oceanos está ameaça pelo processo de acidificação. Os mangues e corais estão sendo destruídos a uma taxa alarmante. Aumentam as taxas de perda da biodiversidade (medida da diversidade de organismos vivos presentes em diferentes ecossistemas), com o aumento da degradação dos ecossistemas e a extinção da vida selvagem. O aumento das emissões de gases de efeito estufa estão provocando o aquecimento global, tendo como consequência o derretimento das geleiras e das camadas de gelo, provocando o aumento do nível dos oceanos. As áreas produtivas da Terra diminuem, enquanto crescem os aterros para receber o crescente volume de lixo e resíduos sólidos.

O relatório da UNEP da ONU “Global Environment Outlook-5: Environment for the future we want” (GEO-5) fornece um quadro dramático da degradação ambiental no mundo. Se a situação atual já está ruim, ela deve piorar devido ao crescimento populacional, da urbanização, do consumo e do lixo. Das 90 metas ambientais mais importantes, apenas quatro estão fazendo progressos significativos. Entre as metas que apresentaram melhoras, estão aquelas para evitar a destruição do ozônio e proporcionar o acesso a abastecimento de água limpa. Mas o documento relatou pouco ou nenhum progresso em 24 metas, tais como mudança climática, esgotamento dos recursos pesqueiros e a expansão da desertificação.

Segundo Marco Aurélio Weissheimer, em Carta Maior: “Apenas no século XX, graças à ação humana, sumiram do planeta metade das áreas pantanosas, 40% das florestas e 30% dos manguezais. Desde a Rio 92, o mundo teve uma perda de biodiversidade de 12% e emitiu 40% mais gases poluentes. Somente entre os anos de 2000 e 2010, perdemos 13 milhões de hectares de florestas. Cerca da metade das reservas de pescas mundiais estão esgotadas; Um terço dos ecossistemas marítimos mais importantes foi destruído; O lixo plástico segue matando a vida marinha e criando áreas de águas litorâneas quase sem oxigênio. Há uma década, o mundo tinha um total de 11 mil espécies ameaçadas de extinção. A ONU estabeleceu então a meta de reduzir significativamente esse número. Não deu certo. Ele aumentou”.

Segundo o relatório Planeta Vivo, da WWF, a biocapacidade da Terra diminuiu de 3,2 hectares globais (gha) per capita, em 1961, para 1,8 gha per capita, em 2008. Ou seja, enquanto aumenta o consumo de bens duráveis e de alimentos para o ser humano, diminui a capacidade de produção biológica do globo.

A questão que se coloca é: pode haver continuidade do progresso humano com a manutenção das tendências de regressão das condições ambientais? O desafio do século XXI será descobrir o xis deste problema, buscando resolver adequadamente esta difícil equação.

Dos 3 pilares do desenvolvimento sustentável – econômico, social e ambiental – o último é o mais frágil e o que ameaça ruir, a não ser que a Rio+20 produza um documento avançado que interrompa o regresso ambiental.

Fonte: EcoDebate – 20/06/2012



José Eustáquio Diniz Alves é colunista do Portal EcoDebate, Doutor em demografia e professor titular do mestrado em Estudos Populacionais e Pesquisas Sociais da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE.
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