A televisão nasceu para ser uma fonte de informação e de entretenimento. Com o passar dos anos, esse meio de comunicação passou a ocupar um papel importante nos lares brasileiros atingindo igualmente todas as classes sociais. A grande questão é que nos últimos tempos o que mais se vê através dessa tela mágica são filmes e telenovelas, cujos sons, conteúdos e imagens, embora aparentemente se modificam, na verdade mantêm sempre a mesma essência, apresentando conflitos, traições, vida superficial, falsos dramas existenciais, tudo temperado com muita violência e sexualidade embrutecida. É mostrado o mesmo veneno paralisante que, de forma subliminar, aniquila com as esperanças de um mundo melhor, fazendo com que as pessoas desistam de seus sonhos antes mesmo de começarem a agir.
Com o passar do tempo, a mesmice vai adentrando na psique, corroendo o bom humor das pessoas, deixando-as inertes e propensas a doenças emocionais e físicas. Enquanto grande parte dos telespectadores se entretém assistindo programas apelativos, sem perceber, acaba perdendo a visão de maior profundidade sobre a vida. De outra parte, uma minoria silenciosa se ocupa febrilmente em tirar proveito máximo e aumentar seus ganhos. Ambas as partes desperdiçam seu precioso tempo, sem dedicar alguns momentos para reflexões mais sérias sobre o significado da existência.
Recentemente uma cidadã de Itapetininga encaminhou uma carta ao jornal O Estado de S. Paulo e que foi publicada, manifestando a necessidade de que o tema educação seja discutido com maior seriedade pela sociedade, pelos governos e meios de comunicação. Segundo ela, essa seria uma das formas de sairmos do subdesenvolvimento. Ela também lamenta o desperdício de quase quatro horas diárias que os brasileiros dedicam às telenovelas, absorvendo modelos de vadiagem e prostituição retratados pelas tramas. As estatísticas indicam que um jovem de 17 anos passou pelo menos quatro anos diante da TV. Se tivesse utilizado a metade desse tempo com leituras, teria uma condição mental e cultural muito superior.
A vida humana anda muito turbulenta e, sem dúvida, as pessoas precisam se distrair. Mas seria recomendável que o tempo dedicado ao lazer também pudesse servir para nos enriquecer mentalmente e culturalmente. O problema é que, afora os filmes e telenovelas de conteúdos questionáveis, há também os telejornais, muitos dos quais abrem espaço para mostrar o “mundo cão” que visam tão somente aumentar os níveis de audiência, em detrimento da boa e legítima informação. As imagens e narrativas das tragédias humanas são apresentadas com tanta força de impacto que abalam a mente das crianças e intranquilizam os adultos, aumentando a sensação de medo e insegurança. Da mesma forma os filmes chamados
non sense levam ao cérebro dos espectadores imagens estapafúrdias e desconexas, que repetidas inúmeras vezes, acabam afetando a mente das pessoas descuidadas que são a grande maioria.
E como se tudo isso não bastasse, os telespectadores são bombardeados pela propaganda que exerce grande influência, seja no público infantil, que não sabe bem o que está vendo, seja sobre os adultos. Evidentemente não se trata de dar lugar à censura. Longe disso. Contudo torna-se indispensável a adoção de critérios sob uma ética verdadeiramente humana, que coloque à disposição dos jovens e dos adultos os modelos de integridade e de coragem para o enfrentamento dos problemas que são normais na vida, e que estimulem a perseverança para a realização dos sonhos. Só o que se espera é uma programação de melhor qualidade e que de fato contribua para nos tornar cidadãos mais felizes e conscientes, e não em pessoas que canalizam suas energias exclusivamente na direção do consumo, pondo de lado tudo o mais.