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COM TEMPO OU SEM TEMPO: VOCÊ DECIDE

Luiz Roberto G. Fava
28/02/2009



Hoje é segunda-feira. Um pouco antes de sair de casa você resolveu dar uma olhada na sua agenda para checar seus compromissos do início da semana. Ao ver o que lhe esperava, seu coração disparou, sua respiração se alterou e você exclamou: “não vou ter tempo para tudo isso”. Se isso nunca aconteceu com você, certamente já aconteceu com alguém que você conhece.
 
Parabéns! Bem-vindo ao clube dos Sem Tempo!
 
Tempo…, tempo…, tempo…
 
Mas afinal, o que é o tempo? Em vez de buscar a resposta na Física, na Filosofia ou na Psicologia, prefiro ser mais prático.
 
Todos nós temos, diariamente, 24 horas ou 1440 minutos, nem mais e nem menos, para cuidarmos de todos os aspectos da nossa vida: profissional, financeiro, emocional, intelectual, físico, lazer, relacionamentos (inclusive a família) e espiritual.
 
Ao ler a frase acima você já pode perceber qual aspecto está lhe tomando mais tempo. Geralmente o profissional (trabalho) é o que mais toma o nosso tempo. Às vezes, TODO o nosso tempo. E aí não sobra tempo para levar a família ao parque, fazer uma atividade física, ir ao cinema, etc.
 
Pessoas que dedicam a maior parte do seu tempo ao trabalho (e aqui se incluem horas-extras, trabalho no final de semana, etc.) acreditam que estão GANHANDO (poder, status, promoção, bônus), mas, em realidade, estão PERDENDO (saúde, lazer, convívio com a família e amigos, etc.) e se tornando sérios candidatos ao infarto do miocárdio e ao derrame cerebral. Sim, porque só trabalho ou muito trabalho levam ao sedentarismo e este, por sua vez, é o responsável pelo aparecimento de problemas sérios como pressão alta, diabetes tipo dois, estresse e obesidade, entre outros. Resumindo: excesso de trabalho acende o estopim de uma bomba que, mais dia, menos dia, vai acabar estourando.
 
E a verdade é uma só: a grande maioria das pessoas gasta a maior parte daqueles 1440 minutos no trabalho, independentemente se for um colaborador chão de fábrica ou um mega empresário.
 
Procurando entender o tempo
 
Tempo é algo muito relativo. Dependendo da situação ele pode ser muito rápido, quando fazemos algo que nos dê prazer, ou muito lento, quando a situação é adversa.
 
Também é muito relativo dependendo da situação vivida naquele dia. Exemplo: para uma mulher prestes a dar à luz, nove meses pode ser um período rápido para algumas ou lento para outras. Entretanto o período de tempo é o mesmo.
 
Em uma competição de alto desempenho, quanto representa um centésimo de segundo para os atletas? Certamente o tempo que o fará ganhar a medalha de ouro ou não.
 
Uma outra reflexão pode ser feita a partir das palavras de Virgílio, que afirmava: “o tempo não volta jamais”. Entretanto vejo pessoas extremamente ligadas aos seus passados, repetindo frases como: “quando eu tinha 20 anos…”, “na época dos meus avós…” ou “há dez anos fui o responsável por…”. E inúmeros outros exemplos poderiam ser citados.
 
Há quem afirme que o nosso tempo é nossa própria vida. Assim sendo, se partirmos da premissa que a nossa vida, a cada dia que passa, caminha para frente, da mesma forma deveríamos encarar o tempo: para frente e nunca para trás.
 
O que foi feito no passado, já foi feito. Já era.
 
E o que pode ser feito no futuro? O que eu ainda poderei fazer por mim, pela minha família, pelo meu trabalho, pela minha saúde?
 
Dentro destas reflexões, agora podemos entender algumas características do tempo:
  • pessoal
  • democrático
  • equitativo
  • limitado
  • inalienável
  • intransferível
  • tem velocidade constante
  • irreversível
  • irrecuperável
  • perecível
  • não renovável
  • não pode ser estocado para uso futuro
E estas características são as mesmas para qualquer pessoa, independentemente de raça, religião, sexo, local onde mora, etc.
 
Outra reflexão é atribuída a Benjamin Franklin, que afirmava: “é impossível pedir tempo emprestado porque não se pode agir e trabalhar com maior velocidade para ganhá-lo. O que se pode fazer é empregá-lo”.
 
E daí vem a conclusão: o grande e maior segredo está em como se organizar para empregar melhor o tempo que temos. Usá-lo com sabedoria vai fazer com que trabalhemos menos e melhor, cuidemos mais de nós mesmos e das nossas relações e sermos mais saudáveis e felizes e, ainda mais, vai sobrar tempo para que nos dediquemos a outras coisas.
 
Quem faz o nosso tempo somos nós mesmos.
 
Paradigmas do tempo
 
A consultora Cristina Gattai afirma que existem seis paradigmas do tempo, isto é, como as pessoas encaram o tempo.
 
1º - O tempo como amo e senhor
 
Pessoas deste grupo desistem de fazer as coisas porque “é muito tarde”: adaptam-se a hábitos rígidos, regulados pelo relógio: levantam-se todos os dias à mesma hora; fazem refeições sempre no mesmo horário; dormem à hora exata; fixam-se em horários pré-determinados; e, são capazes de interromper algo agradável porque “está na hora de voltar para casa”.
 
Tais pessoas usam o relógio como um parâmetro que determina o que pode e o que não pode ser feito. Isto leva a comportamentos não só limitantes de suas escolhas como também as privam de empregar sua espontaneidade e flexibilidade.
 
2º - O tempo como um mistério
 
Pessoas deste grupo encaram o tempo como algo desconhecido, que vai além de sua compreensão e percepção. São pessoas incapazes de prever o tempo para realizar tarefas; têm dificuldade para assumir compromissos; cumprir prazos e horários; e, são ansiosas com relação ao tempo porque não sabem lidar e dimensionar o mesmo de forma adequada.
 
3º - O tempo como juiz
 
Neste caso os ponteiros do relógio é que determinam a realização de cada ato e o seu valor.
 
Pessoas deste grupo buscam a precisão cronológica (“Completei a tarefa em uma hora, trinta e dois minutos e quinze segundos”) e demonstram sentimento de culpa quando fazem algo não previsto e, além disso, ficam se desculpando quanto ao uso do tempo (“Desculpe-me por ter roubado umas horinhas para fazer compras”).
 
4º - O tempo como um inimigo
 
Pessoas deste grupo têm um estilo de vida frenético, tenso e ansioso, demonstrando sempre preocupação constante com o relógio e o calendário.
 
São pessoas que vivem falando frases como: “o tempo voa”, “não tenho tampo para nada”, etc.
 
5º - O tempo como escravo
 
Aqui a preocupação central é com o controle e a submissão do tempo. Exige estruturas rígidas e disciplina constante, o que prejudica a criatividade.
 
Pessoas deste grupo vivem no futuro: têm uma preocupação constante com o planejamento do tempo e seu cumprimento; sentem-se culpadas com o não cumprimento daquilo que foi planejado; e, precisam de provas constantes do controle do tempo para demonstrar a si mesmo que está extraindo dele o máximo.
 
6º - O tempo como um recurso
 
Aqui o tempo é visto como algo real, um recurso empregado de acordo com nossas necessidades, metas, desejos, decisões e prioridades. E onde o relógio serve apenas como um instrumento de mensuração do tempo e como um quadro de referência para o planejamento de atividades.
 
Agora, caro leitor ou leitora, veja como você “vê” o SEU tempo. Caso você se enquadre nos cinco primeiros paradigmas, parabéns! Você não está sozinho (a). O time é grande e você, certamente, conhece várias pessoas desta “equipe”.
 
Faça sua escolha para viver melhor
 
Não, não irei discorrer sobre os desperdiçadores e economizadores de tempo, a matriz do tempo (urgente x importante), quais os sinais de alerta que fazem as pessoas perderem tempo e nem citar quais as mudanças que deverão ser implementadas para aproveitar melhor o tempo. Para isso existe uma vasta literatura a respeito, além de cursos e workshops ministrados por entidades especializadas no assunto.
 
O que é importante ser ressaltado é que não existe uma receita para administrar o tempo que sirva para todos. As pessoas são diferentes e cada uma tem a sua maneira, boa ou ruim, para administrar seu tempo.
 
O idioma grego possui duas palavras relacionadas ao tempo: CHRONOS e KAIROS. A primeira diz respeito a horários, atrasos, prazos e duração de atividades, enquanto a segunda diz respeito a valores e qualidade no uso do tempo.
 
Cada um de nós é um pouco chronos e um pouco kairos, dependendo da situação. A mesma pessoa pode descrever o estresse e a pressão que sofreu para fazer e entregar um relatório para depois de amanhã (chronos) ou não ter notado que o tempo passou durante sua viagem de férias, tão prazerosa e relaxante que foi (kairos).
 
Por incrível que possa parecer, ter tempo é uma questão de escolha individual. Somos premidos por prazos, temos que suportar atrasos… tudo tem uma duração, um espaço de tempo (chronos), mas quanto poderemos tirar de bom, em nosso proveito pessoal, sendo kairos.
 
Vamos a um exemplo: seu vôo atrasou? Leia um bom livro, reveja sua apresentação, repasse os dados do seu relatório… Escolha algo que lhe dê prazer em vez de ficar praguejando contra a companhia aérea e seus funcionários. E se você quiser aumentar sua dose de bom humor, lembre das palavras da então ministra do turismo do Brasil Marta Suplicy que, no auge da crise aérea brasileira em 2007, sugeriu aos usuários das companhias de aviação para “relaxarem e gozarem”. Certamente sua dose de estresse, irritação e ansiedade vão diminuir; seu corpo vai agradecer muito e sua mente estará mais “desocupada” para aumentar seu prazer e sua produtividade.
 
E, se ter tempo é uma escolha pessoal, sempre lembre que:
  • aquele que tem tempo não é vagabundo. Ele só gerencia bem o seu tempo;
  • aquele que gerencia bem o seu tempo não vive correndo contra ele;
  • aquele que usa bem o seu tempo apresenta uma melhor saúde física e mental.
Agora, faça uma auto-análise de como você usa o seu tempo. Se estiver bem, ótimo. Se precisar mudar, mude. Sempre haverá tempo.



Luiz Roberto G. Fava é cirurgião dentista, especialista e ministrador de cursos em Endodontia e Palestrante nas áreas de qualidade de vida, motivação e sucesso
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