RSS
 

COMO REEQUILIBRAR O MERCADO

Benedicto Ismael C. Dutra
17/11/2013



O Brasil, com tantos fatores a seu favor, ficou emperrado. Por quê? Faltou gente séria, empenhada no objetivo de construir uma forma pacífica de desenvolvimento econômico, que daria oportunidade para a realização da evolução humana. Caímos nos conflitos de interesses. Permanecemos no estágio colonialista no qual os poderosos preservam as elites dominantes em proveito próprio, deixando a população ao abandono, iludindo-a com circo e pão de baixa qualidade. Os acontecimentos empurram pessoas e governantes, criando um cenário de autoritarismo e menos dependência. Pena que não estamos preparados para os desafios e para nos unirmos em torno do progresso real.
 
Desde a proclamação da República, em 1889, não surgiram os benefícios esperados de um Estado democrático bem administrado. O desmazelo e a decadência começaram antes que tivéssemos alcançado algum progresso. Os governantes permaneceram insensíveis e a população, sem preparo para a vida. Até parece proposital para ficarmos na estaca zero. Por onde se anda só se vê destruição e atraso.
 
O sucesso e o progresso dependem da boa qualidade humana, sempre postergada, submetida ao embotamento, à insensibilização e indolência. As gerações deveriam se suceder com visíveis melhoras, mas tem ocorrido o oposto. As classes sociais deveriam conviver lado a lado. Com a estruturação de uns em patamares elevados e de outros, em patamares inferiores, estabeleceu-se o conflito: os de cima temiam a perda de privilégios, por isso não permitiam a evolução dos que estavam em baixo. O tecido inferior se esgarçou; e agora? No Brasil, explode a violência urbana. Roubos e assaltos aumentam. No mundo, todas as instituições políticas estão perdendo a credibilidade devido à falta de responsabilidade com o futuro.
 
A esperança é a de que possamos ver benefício real oriundo da riqueza do ouro negro, o petróleo de Libra, sem causar danos à natureza, e melhorando a educação com os recursos provenientes dessa operação. Nos modelos dos países do Oriente não houve equidade na distribuição dos resultados obtidos.  Esperemos que a Petrobras cumpra o seu papel e não afunde num mar de dívidas e desmandos internos.
 
A queda na educação é um problema real no mundo todo, pois tem havido uma regressão com o aumento do superficialismo e da permanente exposição a situações de conflito veiculadas pela mídia, o que é agravado no Brasil devido ao descuido no preparo da população praticamente desde a época da proclamação da República. Mais de um século de atraso. 
 
O futebol conta com a poderosa máquina de divulgação nas TVs, nos telejornais, nas rádios; não é a toa que a população fica ligada. A mídia poderia fazer o mesmo para conscientizar a população de que o esforço para o estudo beneficia em primeiro lugar os que se dedicam a ele, daí estendendo-se para a cidade, o país, o mundo? É preciso despertar nos jovens o senso de responsabilidade e de participação. E eles conseguirão isso estudando mais, lendo mais, interessando-se pela melhora geral.
 
A economia mundial passou longo período sem as injeções do FED. Por que agora caiu nessa dependência? O que aconteceria na prática com a retirada da entrada desse volume de dólares? Por que precisamos conter, no Brasil, o consumo com juros elevados há décadas, sem investir no aumento da produção? Por que nos perdemos e não conseguimos um plano eficiente de desenvolvimento?
 
Segundo dados do IBGE, de janeiro a setembro deste ano foram demitidos aproximadamente 55 mil trabalhadores, sendo 10.422 no setor têxtil e 44.579 no de vestuário.  A China está transferindo populações do campo para cidades industrializadas. Vamos fazer o inverso?
 
O sistema está cheio de incoerências. O mercado global dá sinais de estresse. A concentração da renda tem sido crescente. Veio o Estado com a adoção de políticas de bem estar social para andar em paralelo, mas agora os recursos necessários estão diminuindo.  Faltam empregos e está difícil aumentar a produtividade para acompanhar o desempenho da Ásia. As novas gerações se tornam cada vez mais superficiais em seu modo de ser. Os governantes aumentam as dívidas. Os financistas se assustam com o futuro. A austeridade tem um custo elevado. Diante de tantas dificuldades, continuamos tateando em torno de teorias interpretativas, sem que surjam medidas saneadoras que promovam o reequilíbrio.
 
Os financistas incentivaram a tomada de empréstimos. Os países se endividaram. Os gestores públicos foram perdulários. Muito dinheiro tem sido desviado de sua finalidade. O aumento dos riscos de insolvência leva a uma forçada disciplina imposta de fora. Com a especulação e a corrupção, a função financeira foi desvirtuada. A dívida americana alcançou 17 trilhões de dólares. Como tudo isso poderá ser reequilibrado sem um estrago geral? A soberania deveria ser a independência maior, resguardada com zelo pelos administradores sábios no sentido de impulsionar o aprimoramento humano.



Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Hotel Transamerica Berrini e é associado ao Rotary Club de São Paulo. É articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. É também coordenador dos sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br, e autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012...e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens” ,“A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin - Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7
Enviar um Comentário:

Nome:
Email:
  Publicar meu email
Comentário:
Digite o texto que
aparece na imagem:

Vida e Aprendizado 2011.
Reproduçao total ou parcial do conteúdo deste site deverá mencionar a fonte.