Quando se fala em Jeremy Irons, sempre associamos a desempenhos soberbos, mesmo quando interpreta Raimund Gregorius, um envelhecido professor suíço de filosofia, que se deixa empolgar por um livro que casualmente caiu em suas mãos, escrito por Amadeu, um médico português que se contrapôs ao regime de ferro de Salazar.
A narrativa é bem bolada, chegando quase ao nível de um suspense dramático, no qual as coisas vão se encadeando aos poucos com leveza, mesmo assim não dá ao espectador a empolgação que o livro causou ao professor, homem contido, de pensar rígido que nem percebe o afeto de Mariana. Num ambiente modorrento de vidas vazias e lutas inglórias, onde se culpa o Criador pelo destino cruel que contém a justiça das leis da Criação, desconhecidas da humanidade fútil. O filme quer mesmo mostrar que se uma pessoa está aborrecida, o cigarro é o lenitivo. O lamentável é que muitas pessoas poderão acreditar nisso.
Amadeu poderia ter sido mais vibrante em sua busca do sentido da vida. Ficou muito longe de perceber que o viver de cada um decorre de sua responsabilidade por tudo o que pensa, fala e faz. A livre decisão existe, mas temos de arcar com as consequências que no passado provocamos para nós mesmos. A grande saída é a busca da Luz da Verdade.