Roberto Vertamatti, Economista Sócio da Apus Consultoria e palestrante de 19/11/2014 no RCSP, falou com propriedade e clareza sobre a situação econômica e política do país, que acena com mudanças para 2015, após a realização das últimas disputadíssimas eleições em todas as esferas.
Thadeu Freitas, Presidente do RCSP e Roberto
Vertamatti, Palestrante do Dia
O palestrante iniciou falando sobre a situação econômica mundial atual, enfocando e estabelecendo parâmetros e comparações entre as economias da Europa, da China, dos Estados Unidos e do Brasil, detalhando a situação e os níveis da atividade econômica e seus resultados, crises e perspectivas futuras de cada região.
Podemos afirmar que a queda nos níveis de crescimento de todas as regiões é inegável, inclusive da China, que mesmo com crescimento acima da média em relação às demais, em 2014 deverá ficar em torno de 7,4%, mas com nova queda já esperada para 2015, devendo ficar em 7,1%. No Brasil, em 2014 o crescimento mais modesto, deverá fechar o ano em 3,3% e em 2015, melhorando um pouco devendo chegar a 3,8%.
Infelizmente, a crise mundial que até então parecia estar se estabilizando volta a preocupar, com crescimento menor devendo ser registrado até nos Estados Unidos, com crescimento projetado para 2015 em apenas 3,1%. Por aqui, recentemente registramos um aumento significativo do valor do dólar em relação ao real. Em nove anos o dólar não para de bater recordes e chegou a R$ 2,595, devido a especulação em torno da troca de comando no Ministério da Fazenda brasileiro que terá seu comando trocado em breve no novo governo da presidente Dilma. Isso tem diretamente influenciado a alta da moeda estrangeira, que chegou inclusive a bater o valor de R$ 2,611. Considerando o valor a vista da moeda americana em relação ao real, no último ano sua valorização chegou a preocupantes 9,8%.
Segundo nosso Banco Central e Ministério do Desenvolvimento, os índices da economia brasileira estão todos no vermelho: a balança comercial com saldo negativo entre janeiro e outubro/2014 já era de R$ 11,9 bilhões, a poupança de janeiro a setembro/2014 já estava negativa em -0,5% do PIB entre janeiro e setembro, com consequente queda da renda per capita estimada para fechar 2014 em -0,6%. Tais índices nos revela um provável cenário para os próximos quatro anos, com uma inflação ao redor de 6,5%; crescimento pequeno do PIB em redor de 1%; superávit primário não devendo ultrapassar 1% e infelizmente não teremos como ser muito otimistas, pois deveremos contar com baixos investimentos na economia como um todo e, ainda, balanço de pagamentos negativo.
Quanto ao futuro “incerto”, contudo a nossa esperança é de que a inflação se mantenha nos níveis atuais não ultrapassando de jeito nenhum os 6,5% projetados como teto. Para minimizar as expectativas ruins precisamos “sem utopia” conseguir que o Governo realmente controle seus gastos e senão conseguir fazer a tão necessária e sonhada reforma fiscal, que pelo menos simplifique o sistema. O Governo Federal precisa passar confiança ao mercado interno e externo, de que os contratos firmados serão cumpridos e cuidando para que as regras não sejam mudadas de forma alguma e pior, no decorrer do processo. Imprescindível é que a educação do nosso povo melhore, assim como a saúde que perece e necessita com urgência de maiores cuidados. Frustrando-se essas esperanças, tudo certamente ficará mais difícil ao Brasil daqui para frente e já em 2015.
O que não podemos esquecer é que o futuro do Brasil passa por todos nós; não devemos apenas esperar que o Governo resolva tudo sozinho e de uma hora para outra, mesmo que ele próprio seja o responsável direto e imediato pela situação estabelecida. Como cidadãos é nosso dever, temos o direito e, agora que já votamos, precisamos a qualquer custo participar mais e acompanhar tudo bem de perto, é preciso lembrar e cobrar nossos votos, cobrar o Congresso e o Senado, enfim, exercer nossa cidadania.
