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Estagnação mundial

Benedicto Ismael C. Dutra
16/08/2017



 O planejamento de um país deveria considerar produção, exportação, consumo interno, importações como base das contas internas e externas e do orçamento público, buscando o equilíbrio. Com o advento do dinheiro-mercadoria, ou ativo especulativo, houve uma inversão e tudo ficou superficial, pois a variável cambial se tornou prioritária engessando tudo o mais. Banqueiros e governantes se envolveram numa simbiose de financiamentos, juros e resgates. Produção, consumo e qualidade de vida se tornaram secundários em relação à atração de capitais para cobrir os déficits continuados. 
 
Pobre Brasil. O que fizeram seus governantes em todos os níveis permitindo a estagnação e declínio? Desalento e apreensões quanto ao futuro. Um país viciado em imposto para sustentar a máquina administrativa perdulária e ineficiente, e os juros sobre a dívida gerada para cobrir os déficits, isso tudo recai sobre a população que vai se acomodando ao circo, não se importando em ser ludibriada contanto que possa seguir sua vidinha acomodada nos prazeres e no pouco esforço para alcançar a melhora. Nos EUA os preços mantêm estabilidade e são inferiores aos praticados no Brasil, em grande parte devido à carga tributária melhor equilibrada.
 
O grande drama da economia e do que está acontecendo no país está na falta de preparo e de propósitos enobrecedores em todas as camadas sociais. O empresário teria uma política de preços não extorsivos. Pessoas que não se enquadrariam nos programas sociais não falseariam. Assim, muita gente agiria de forma adequada, contribuindo para coibir os abusos. 
 
Qual será o destino deste país outrora tão esperançoso e risonho? O Brasil realmente precisa da união para o bem. Cai o emprego porque cai o consumo. Cai o consumo porque a renda cai. O que poderia impulsionar a atividade econômica sem os artificialismos criados pelos governos e pelas bolhas? No Brasil, a produção industrial está desestruturada; como poderia ser reativada? O que acarreta a paralisação da estrutura produtiva? As pessoas precisam consumir para sobreviver. Produzimos menos num país cujo consumo está abaixo das necessidades básicas. 
 
Com a sintonização no “financeirismo” e a tolerância na corrupção, a economia perdeu o rumo. Com a deslocalização da estrutura produtiva países mais fechados ao livre cambismo deram impulso à produção para exportação. Estamos enrolados com o descontrole da dívida pública, câmbio, juros elevados, ingredientes que fazem farte da depressão que o mundo vive com seus desequilíbrios na produção, educação e finanças, embora a especulação corra solta e os gastos em armamentos continuem a todo vapor.
 
A partir dos anos 1990, como efeito da globalização, teve início a guinada da economia para a Ásia, para onde foram transferidos empregos e renda, e grande parte da produção destinada ao mercado externo. O grupo do G7 sente o baque; caem o PIB e o consumo. Em seu Twitter, o presidente Trump disse que o aquecimento global "foi criado por e para os chineses para tornar a indústria norte-americana menos competitiva". Seria uma guerra comercial em andamento? Mas não foram as próprias corporações que promoveram a deslocalização por conveniências no custo da mão de obra, regulamentação ambiental flexível e câmbio favorável?
 
Há décadas a China vem buscando dar eficiência à máquina governamental, enquanto outros países como o Brasil detonaram-na, aumentando a dívida real, o despreparo da população e estagnando a infraestrutura. O sistema de pouca transparência do Banco Mundial e do FMI criou o capitalismo canibal. O bom preparo dos chineses e sua densa população teriam de levar seu país a subir de nível. Como outras potências, a China vai ao encontro do comando econômico-financeiro global como fizeram Inglaterra e Estados Unidos. 
 
Há muitas coisas em flagrante oposição ao progresso da humanidade. Somos fruto de um majestoso desenvolvimento progressivo. No entanto, temos de respeitar limites naturais e não praticar ações nocivas a nós mesmos e à natureza, pois ficamos subordinados às consequências de nossos atos. O problema é que, ao longo da nossa evolução, levados pela cobiça, em vez de reconhecermos e observarmos os mecanismos das leis naturais da Criação, optamos pelo caminho destrutivo do imediatismo, pondo em risco as próprias condições necessárias para a vida. Quem sabe os chineses se voltem para o reconhecimento e pesquisa das leis do desenvolvimento da Criação para interromper o desequilíbrio na Terra.
 



Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Hotel Transamerica Berrini e é associado ao Rotary Club de São Paulo. É articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. É também coordenador dos sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br, e autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012...e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens” ,“A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin - Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7
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