Com o final da Copa, na África do Sul deixaram de existir 130 mil empregos temporários, permanecendo a dura realidade da pobreza no país com o desemprego rondando a taxa de 25% e com tendência a crescer.
No entanto não se trata de prerrogativa da África do Sul. Lamentavelmente o desemprego veio para ficar enquanto não forem criadas novas alternativas para a mão de obra ociosa em decorrência do advento da evolução tecnológica, uso de computadores, máquinas automáticas e robôs e não menos pelo deslocamento da produção de bens para áreas de menores salários e rigores ambientais.
Já em 1996, Jeremy Rifkin alertava para o fenômeno em seu famoso livro O Fim dos Empregos. Sem que houvesse um preparo para enfrentamento deste tempo de poucos empregos, milhares de estudantes universitários se quedam desesperançados com a falta de perspectivas para o trabalho.
O desemprego se tornou comum nos Estados Unidos e na Europa, gerando uma situação generalizada de abatimento, aumentando a necessidade de recorrer aos serviços públicos de assistência social.
O governo brasileiro tem adotado uma solução de auxílio aos desempregados, tão atraente que alguns deixaram de trabalhar para se beneficiar do programa. De fato urge que sejam encontradas alternativas satisfatórias, pois o consumismo e a propaganda mexem com a cabeça da população, deixando-a em conflito interior quando não consegue dinheiro para fazer aquisições.
Já que o avanço da tecnologia elimina os empregos, temos que estabelecer alternativas ocupacionais com distribuição de renda a fim de evitar o caos social. O grande desafio é estabelecer formas ocupacionais que aproveitem o potencial humanos para o beneficiamento geral, assegurando uma existência condigna.
Mas também há que se disciplinar a atividade econômica das nações para não cairmos numa desastrosa guerra econômica pelos mercados, pois produzir para exportação se tornou política econômica dominante. No entanto, para garantir a paz social, todos devem produzir e todos devem ter o direito de consumir numa forma de vida pautada pelas limitações ambientais e de recursos oferecidos pela natureza, sem que as nações se escravizem umas às outras por questões financeiras.
E por falar em Copa, temos que nos acautelar para não cairmos em situação semelhante à da África do Sul, que apesar de tantas necessidades sociais, gastou bilhões em estádios que estarão subutilizados, assumindo um elevado passivo em dívidas, enquanto a população permanece com dificuldades para encontrar empregos, moradias decentes, cuidar da saúde e se educar.