A partir dos anos 50, as cidades brasileiras foram alvo de um êxodo rural. As populações do interior, sempre esquecidas, acabaram fugindo para as cidades, habitando moradias precárias em regiões abandonadas à própria sorte, sem os requisitos básicos para a formação de lares humanos. Os maus exemplos de falta de ética e corrupção também tiveram seu peso. As famílias se desestruturaram. As novas gerações não estão recebendo o adequado preparo para a vida. Hoje vivemos com baixa qualidade e sem segurança.
 

A boa convivência também foi afetada rompendo-se os laços de solidariedade e consideração. Diariamente ocorrem acidentes e conflitos entre motoristas. De todos os lados as pessoas são bombardeadas com informações negativas carregadas de inveja, injustiça e ódio. Ostentamos posições inferiores em vários índices de qualidade de vida, como moradias, educação, saúde. Indisciplinada, a população joga o lixo nas ruas e o poder público não faz o recolhimento, deixando muitas moradias conviverem na proximidade de montes de lixo em decomposição com desagradável odor.
 

A repetição das tragédias das enchentes e deslizamento de encostas de morros evidencia a precariedade com que foram construídas nossas cidades. Os interesses e a ignorância impedem que as cartas geotécnicas sejam respeitadas e nos sobrepomos à sabedoria da natureza, sem respeito ao traçado dos rios e várzeas, ocupando as margens e as encostas de morros, gerando catástrofes que se agravam devido às alterações climáticas. Os planos diretores urbanos vão sendo estabelecidos ao sabor de interesses e conveniências momentâneas. Casebres vão sendo erguidos sem atenção para os mais elementares requisitos da engenharia civil. A precária e insuficiente rede de captação de esgoto sofre com o triste espetáculo do lixo lançado pelas ruas, mostrando o descaso da população despreparada.
 

Estamos na era da Internet e do advento das mídias sociais, mas as populações estão alienadas da vida real. Faltam-nos conhecimentos legítimos, tais como: saber se alimentar corretamente, beber água em quantidade suficiente, preservar a natureza e entender qual a nossa responsabilidade com o lixo, além de respeito e consideração pelo próximo. O grande drama do Brasil é a falta de preparo para a vida na maioria das cidades brasileiras. As crianças não estão sendo adequadamente preparadas. Os adultos também precisam reaprender a vida, movimentando-se com seriedade, esforço, dedicação e convictos de que não serão deixados na miséria se desejarem trabalhar e se aprimorar.
 

Necessitamos de um grande esforço de longo prazo resultante da união entre o poder público e a sociedade para fornecer os meios, e com a participação ativa da mídia complementando o trabalho das escolas, motivando e conscientizando as novas gerações para a conquista de um melhor futuro com esforço, dedicação e bom senso, sem o que não reverteremos esse cenário de atraso, miséria e crise social.
 

No entanto, precisamos de uma população bem preparada para que possamos dar suporte e atendimento às nossas necessidades tal como sociedade, contribuindo, efetivamente, para construção de uma estrutura sólida para encarar um futuro que caminha para uma era de dificuldades sem precedentes, com inflação, escassez de alimentos, água potável e crise social. Com sua população bem preparada para a vida, o Brasil poderá brilhar como modelo de convivência pacífica e laboriosa para o bem geral da humanidade.