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DÍVIDA EXTERNA AVANÇA EM SILÊNCIO


21/06/2011



Os informativos econômicos nos dão conta da precária situação dos novos devedores que estão pondo em risco o mercado financeiro global: Grécia, Irlanda, Portugal, Espanha, Itália. Esses países agravaram a sua condição de devedores, contraindo pesadas dívidas para impedir o desmoronamento das bases financeiras na crise de 2008, e agora, estão naquela lamentável situação de que as receitas são insuficientes para cobrir o custeio e os encargos da dívida, gerando uma inesperada situação de dificuldades para a população. O esquema é clássico, quando a receita é insuficiente, corta-se na carne. Ora isso deveria ter sido evitado através de planejamento responsável, preocupado com o futuro, conduzindo sempre para o equilíbrio e melhora continuada. No Brasil temos passado por essa experiência praticamente desde a Independência, quando assumimos as dívidas portuguesas subordinando parcialmente aos credores, as decisões importantes na área econômica, a não ser recentemente com acentuada melhora no caixa através de saldos favoráveis na balança comercial e da enxurrada de dólares, atraída pelas especiais oportunidades de retorno e pela prática continuada de juros campeão.

O artigo de José Paulo Kupfer, publicado no estadao.com.br, em 16 de junho, mostra-nos o novo e silencioso avanço da dívida externa. Esperamos que o artigo chame a atenção das autoridades, para que não venhamos a ser novamente surpreendidos com passivos descontrolados que desestruturam qualquer politica de desenvolvimento próprio.

Dívida externa avança em silêncio

Ainda é generalizada a ideia de que o volume de reservas internacionais é uma blindagem segura contra eventuais problemas nas contas externas. Mas essa ideia já foi mais generalizada – e isso faz sentido. A persistência de juros estratosféricos e sua contraparte cambial, a firme valorização do real, têm operado, aos poucos e por vários canais, para minar a antiga confiança.

A dívida externa está vivendo um boom. Em silêncio, meio despercebida, ela se aproxima dos US$ 300 bilhões. E vem crescendo mais rápido do que as reservas que, no momento, andam pela casa dos US$ 350 bilhões.

Nos últimos dois anos, até abril de 2011, a dívida externa cresceu mais de 40%. Detalhe: o incremento é praticamente todo devido ao setor privado – 95% do aumento são de responsabilidade de bancos e empresas privadas. No total da dívida externa, mais de três quartos são de responsabilidade privada. Em 2009, a parcela privada na dívida externa era de pouco mais de dois terços do total.

Em entrevista ao colega João Villaverde, do jornal “Valor”, na semana passada, o economista Júlio Sérgio Gomes de Almeida, hoje consultor do Instituto de Estudos do Desenvolvimento Industrial (Iedi) e coordenador de um estudo em fase de conclusão sobre o tema, chamou a atenção para a aceleração da trajetória da dívida externa. Segundo ele, no ritmo atual ela pode ultrapassar o nível de reservas.

Não é preciso lembrar que, emoldurando esse quadro preocupante, estão as taxas de juros reais mais altas do mundo, coadjuvadas pela firme valorização do real.

 




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