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MEIA NOITE EM PARIS

Benedicto Ismael C. Dutra
28/07/2011



Muito criativa a forma como Woody Allen aproxima o roteirista desencantado com a vida de mestres da literatura, compositores e pintores.

No novo filme de Woody Allen, “Meia Noite em Paris”, os noivos Gil (Owen Wilson) e Inez (Rachel McAdams) visitam Paris em companhia dos pais da noiva. Ele, um escritor bem remunerado de roteiros de filmes superficiais, mas ansioso por escrever um livro com mais conteúdo. Ela e os pais, mais práticos, pensavam nas possibilidades de ganhos.

Diante da aspereza da vida voltada prioritariamente para os ganhos, Gil passa a sentir o peso da vacuidade e falta de propósitos mais significativos. Amigos falsos e desleais. Pessoas cujas vidas têm por base as aparências externas. Pessoas que, sem o menor constrangimento, adulam por interesse. Em Paris, à meia noite, para fugir da frieza dos dias sem generosidade, ele dava asas a sua imaginação e voava para onde seus sonhos o levavam. Inquieto com o vazio existencial, ele desejava sair do presente para se refugiar no passado, distante do pedantismo da família e dos amigos de Inez, na esperança de ser feliz.

No século 21, estamos diante de uma humanidade que está perdendo o coração, aquela qualidade que nos faz sermos gentis e generosos, sensíveis ao sofrimento alheio e dotados de bom senso.

Muito criativa a forma como Woody Allen aproxima o roteirista desencantado com a vida de mestres da literatura, compositores e pintores. Numa época não tão materialista, num ambiente fascinante que exalava arte a cada passo. Ao som de belas canções, ele se encontra com personagens geniais, como Ernest Hemingway, Zelda e Scott Ftizgerald, Pablo Picasso, Gertrude Stein, Cole Porter, Henri Matisse e Luis Buñel.

Gil encarna o descontentamento humano que não sabe se ajustar ao presente, refugiando-se no passado ou vivendo ilusões no futuro. Mas ele acaba percebendo que, se desejarmos construir um melhor futuro, é no presente que deveremos construí-lo.

Não devemos nos entristecer com o que já passou ou com as oportunidades perdidas, pois o presente tem muito a nos oferecer e a realização de nossos sonhos referentes ao futuro, depende de nossa atuação no presente. Deixando que ele sofresse um pouco, Woody Allen acabou ensinando isso ao roteirista desencantado.




Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Hotel Transamerica Berrini e é associado ao Rotary Club de São Paulo. É articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. É também coordenador dos sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br, e autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012...e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens” ,“A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin - Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7
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