É uma tristeza que o Embu das “Artes” não exista para as pessoas que moram nos bairros como o Casa Branca, conforme a jornalista Thalita Pires escreveu para a Rede Brasil. Lamentavelmente o chamado lado de lá do Embu decorreu do descaso do poder público que permitiu a grupos de especulação imobiliária que lançassem loteamentos desumanos, caóticos, sem espaço para vias com calçadas decentes e praças arborizadas. Foi preciso gastar muito para remediar a deplorável situação, pois os empreendedores destruíram tudo e não levaram em consideração que estavam vendendo lotes para moradias de seres humanos.
Quando eu vinha de São Paulo para Embu, nos anos 1980, sentíamos melhora do ar já na Vila Sonia. Algum tempo depois em Taboão. Depois, só próximo de Embu. Agora melhora só no Embu, e fica bom, só perto de São Lourenço. As novas gerações não sabem o que é isso, pois desde cedo tiveram de conviver com ar e rios poluídos.
Na cidade de São Paulo tivemos uma companhia de origem inglesa, a City, que tinha o lucro por objetivo, mas seus loteamentos eram primorosos no arruamento e abertura de praças ajardinadas. Embu das Artes, Itapecerica da Serra, Taboão da Serra, que tem a maior densidade populacional por quilometro quadrado, tinham tudo para se tornarem cidades de elevada qualidade de vida. A imprevidência e o imediatismo criaram cidades desumanas, sem infraestrutura, violentas, com pouca esperança de melhora.
No Brasil as autoridades e as elites não deram a devida atenção para o bom preparo de sua população. Os níveis salariais praticados no Brasil sempre foram muito baixos impedindo a formação de poupança; os produtos oferecidos, de baixa qualidade; a escola e muitos pais pouco esforço têm feito para formar seres humanos de qualidade, aptos a administrar a própria vida. Assim proliferaram tanto as moradias precárias para grande parcela da população. É lamentável que, em pleno século 21, os humanos tenham criado cidades insalubres e construído moradias de péssima qualidade.
Precisamos respeitar as pessoas, do presente e do futuro. Os seres humanos que obtiveram sucesso em seus empreendimentos, só o conseguiram porque tinham a capacitação de examinar interiormente o conjunto de conhecimentos adquiridos, e com bom senso, tomar as decisões acertadas que os destacaram por grandes realizações. Mas essa espécie se acha em extinção. Atualmente há uma forte tendência para agir como máquinas sem coração e suas construções se fazem em função dos imediatismos, por isso não são duradouras, trazendo, já na origem, um rastro de destruição e, para onde se olhar, notar-se-á a tendência para o caos.
O Plebiscito que autorizou o Município de Embu a mudar o nome para Embu das Artes deve se constituir num excelente marco para as escolas e seus alunos. Precisamos popularizar as artes, implementando seu ensino às novas gerações para que se humanizem. Uma cidade que ostenta a palavra “artes” em seu nome tem, necessariamente, de levar a arte para as escolas. Como criação humana a arte expressa valores estéticos, beleza, equilíbrio, harmonia, sintetizando emoções, sentimentos e cultura. Arte e natureza andam juntas. Evidentemente, bem conduzidas, as crianças deverão ter sua curiosidade despertada para perceber que a arte é a mais nobre manifestação da alma de um povo.
A bem dizer, todos nós deveríamos ser artistas naquilo que nos propomos a fazer, através do melhor desempenho de que formos capazes. Sem dúvida isso contribuiria para o desenvolvimento das características individuais, fazendo de cada um, um ser humano diferenciado, livre da massificação que embrutece, apto a construir um futuro melhor. Sem dúvida nenhuma, também nisso o Embu das Artes deve tomar a dianteira, transformando-se numa cidade hospitaleira em todo o seu território. É indispensável que a população do bairro Casa Branca e de outros da periferia tenha contato com a arte e o bom preparo para a vida.