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BRASIL – EDUCAÇÃO E INDEPENDÊNCIA

Flamarion Costa
21/11/2011



Somos uma nação livre, ao mesmo tempo em que somos escravos da falta de conhecimento, cultura e consciência de cidadania.

Entre os que assistem, muitos não permanecem, desistem ainda no ensino fundamental; mas a estatística afirma como se 98% dos matriculados concluíssem o processo, quando não atingem nem 40%, dos 98% matriculados. Dos 40% metade não tem ensino médio de qualidade e, dos que chegam à universidade, ainda despreparados, puxam a média das universidades para baixo; exatamente porque não conseguem acompanhar o nível universitário. Isso nos lembra o processo da fertilização humana; milhões de espermatozoides e apenas um esperma sobrevive ao processo e se transforma em uma vida; a analogia é por pouco uma realidade.

Gonçalves Ledo, há 180 anos atrás, num discurso de cinco minutos, previu esta tragédia nacional dos dias atuais, ao alertar que se livrar do imperialismo português era apenas parte do processo de independência, mas poderia não ser a independência sonhada por seus idealizadores, que jamais previam, um dia, a tragédia cultural que nos atingiria a alma de uma nação ultrajada. A outra parte da luta pela independência parou na falta de consciência dos que herdaram o compromisso de fazer cumprir a constituição em seu propósito de saúde, segurança e educação, esta então, responsável absoluta, pelo verdadeiro espirito de independência e cidadania do brasileiro.

Somos uma nação livre, ao mesmo tempo em que somos escravos da falta de conhecimento, cultura e consciência de cidadania. Nos tornamos independentes da coroa portuguesa, dos holandeses, ingleses e todos os que nos invadiram o solo, mas nos tornamos vítimas da burguesia, da falta de conhecimento e, com isso, da falta de civismo e tudo isso, consequência da falta de investimento em educação. Acabamos, por fim, escravos da corrupção e da falta de ética da classe política e empresarial, que unindo seus interesses, nos fazem vítimas, escravos.

No Brasil os partidos políticos não vivem a essência dos princípios pelos quais são eleitos. Os partidos se transformaram em agremiações eleitorais que jogam na defesa de seus ideais e atacam, sem nenhum princípio, os direitos daqueles que os fizeram autoridades sobre si mesmos. Eles entram e saem destes clubes conforme seus interesses; ser político é sinônimo de riqueza fácil, por esta razão se aglutinam nesses clubes, para se associarem na partilha do assalto que praticam aos cofres públicos.

A corrupção está legalizada, o povo é que não sabe ou não se interessa por isso; veja a pressão pela qual agora passa a Presidente Dilma, ao ter ensaiado um faxina ética no meio político! Nenhum presidente conseguirá deter a corrupção impregnada na alma política, na sociedade, nas empresas; esta é uma dura realidade, anos e anos de impunidade e leis fragilizadas que dão aos ricos o privilégio da impunidade, das penas brandas, quando há penalidade, mas sem nenhum confisco exemplar do que fora roubado. Dois ou três anos de cadeia domiciliar, sem vigilância e sem algemas e depois uma vida farta nos paraísos fiscais de praias exóticas... Esta é uma luta que o povo é quem teria armas suficientes para deter, na politica, a corrupção: O VOTO, mas o que fazer quando o próprio povo já incutiu na mente o mesmo princípio de levar vantagem em tudo e vender sua consciência, por ações políticas asseguradas pela Constituição?!

O Brasil tem fábricas, tem laboratórios farmacêuticos, tem jazidas de petróleo, tem minérios, florestas e rico solo, mas não tem fórmulas próprias, não tem patentes nem tecnologias de ponta e, para piorar sua situação, ainda exporta o conhecimento das mentes que se destacam nas tecnologias! Exporta matérias primas e importa depois na forma de manufaturados. Somos realmente uma nação independente? Sendo autossuficientes em petróleo e internamente ter o combustível mais caro do mundo? Os carros aqui fabricados, com nossa matéria-prima, sendo os mais caros, com o lucro das empresas estrangeiras que exploram esta nação e seu povo. Quando tomamos um remédio raramente as fórmulas e o lucro são brasileiros.

O Brasil tinha primeiro que ser uma economia de conhecimento e cultura, a exemplo do Japão, que se reencontra em tempo recorde, a cada vez que sofre uma tragédia, como a tragédia da 2ª grande guerra, quando emergiu das cinzas para se tornar a grande potência de hoje. O recém desastre natural sofrido e o Japão já acomodou os desalojados, enquanto em Alagoas, Rio de Janeiro, vítimas de desastres naturais fazem aniversário em acampamentos improvisados e políticos roubam as verbas destinadas à assistência devida. Somos mesmo uma nação independente?

Na verdade nunca conquistamos a independência a tanto tempo declarada; essa se deu apenas no aspecto político, nunca no sentido social, cultural, compreendida em sua prática.

Deveríamos ter sido colonizados pelos holandeses e ingleses e expulsado os portugueses, que nos roubaram as riquezas e a honra e nos colonizaram com os condenados de sua justiça, com a vergonha da escravidão de negros e índios. O fantasma de suas caravelas ainda estão estampadas nos mares e cães da Bahia e o rastro desta vergonha, estão expostas em museus, mas muitos não entendem isso, pois nas escolas nos contaram uma história montada, mentirosa, que fizera de nossos algozes, heróis. Bem disse Pero Vaz em carta ao Rei: – Aqui, se plantando tudo dá!

Aí um dia, chegou ao poder um partido político nascido nos movimentos sindicais, nascido dos sonhos dos trabalhadores, artistas, intelectuais; conclamando todos a perder o medo de ser feliz; acabou por generalizar a corrupção e matar a esperança de um dia sermos felizes de fato, uma nação independente no cumprimento de sua constituição: Educação, Segurança e Saúde, embora tudo isso se resumisse num só sonho: Educação e enfim seriamos de fato uma nação soberana, independente, feliz.

Fonte: Recanto das Letras




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