A prisão de ventre, por exemplo, atinge entre 15% e 30% da população do planeta, de acordo com estudo realizado em 2008 pela Organização Mundial de Gastroenterologia. Já a chamada síndrome do intestino irritável, entre 7% e 10%, segundo o gastroenterologista Flavio Steinwurz, do Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE).
Esta última engloba um conjunto de sintomas como desconforto abdominal, gases e alteração no hábito intestinal. Em geral, a melhora vem com a evacuação, sem que nenhuma lesão seja detectada em exames. Portanto, é acarretada por uma disfunção na movimentação do intestino, associada a uma hipersensibilidade do órgão.
“Essa síndrome pode piorar com determinados estímulos, como alimentares ou emocionais”, diz o dr. Steinwurz.
A constipação, por sua vez, pode ocorrer pelos mesmos fatores ou ainda por problemas endocrinológicos, como hipotireoidismo e falta de movimentação peristáltica causada por alguma doença, como Chagas, ou por distúrbios neurológicos, segundo o dr. Steinwurz. “E alguns medicamentos, como antiespasmódicos e antidepressivos, também podem piorar o problema.”
Maior incidência no sexo feminino
É fato que as mulheres apresentam mais desordens intestinais que os homens, porém não há uma razão concreta para isso.
“A prisão de ventre costumava ser atribuída ao pudor das mulheres em não obedecer ao reflexo do organismo quando em lugares públicos, mas já se conseguiu verificar que elas estão mais sujeitas a um desequilíbrio nas encefalinas, substâncias que regulam os movimentos intestinais”, diz o médico.
Todavia, seja em homens, seja em mulheres, além do desconforto, a constipação pode predispor a fissuras, hemorroidas, doença diverticular e até câncer de intestino. “É importante ressaltar que os laxantes, mesmo de origem natural, também podem causar problemas intestinais quando usados por período prolongado” afirma o dr. Steinwurz.
Solução natural
O bom funcionamento do intestino depende, sobretudo, de bons hábitos à mesa. “Uma alimentação desequilibrada, com alto teor de gordura e açúcares simples é a verdadeira vilã contra a saúde do órgão”, diz a nutricionista Priscila Barsanti, do Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE).
É preciso ingerir habitualmente fibras alimentares, presentes em legumes, hortaliças, vegetais, frutas – em especial ameixa preta, mamão, abacaxi, laranja –, e em leguminosas, como feijão, ervilha e lentilha.
Priscila atenta ainda para a importância do consumo de líquidos como água e sucos naturais. Para um adulto, a média ideal é a ingestão diária de 30 ml/kg peso. Assim, uma pessoa com 60 quilos deve beber pelo menos 1.800 ml por dia.
“Vale ressaltar que os probióticos – micro-organismos vivos – também atuam beneficamente no intestino, promovendo o equilíbrio da flora. Eles são encontrados em produtos lácteos fermentados, como os lactobacillus e os bifidobacterium.”
Fonte: Einstein Saúde