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2.000 TOQUES – VERGONHA ALHEIA

Roberto Muylaert
01/11/2012



O milionário Paul Getty cunhou uma frase célebre, anos atrás: “o melhor negócio do mundo é uma empresa de petróleo bem administrada, o segundo melhor negócio do mundo é uma empresa de petróleo mal administrada”.
 
Situada na segunda hipótese, a Petrobras desmentiu Getty, no segundo trimestre deste ano, com um prejuízo de R$ 1,3 bilhão.
 
Antes de mais nada, é preciso defender a Petrobras, criada em 1953. Sua fundação foi uma iniciativa de Getúlio Vargas contra o domínio das "sete irmãs", companhias de petróleo que controlavam o mundo pagando preços irrisórios aos produtores.
 
O projeto original não previa o monopólio, o que resultou de uma emenda da UDN, partido de oposição.
 
A nova empresa foi capitalizada com a contribuição compulsória de quem abastecia o carro, convertida em ações.
 
Em 1961, um geólogo americano contratado para pesquisar o potencial petrolífero do Brasil foi execrado ao apresentar o relatório Link, com dados pessimistas sobre reservas em terra.
 
De fato, o petróleo estava no mar. Em 1968 surgiu a primeira grande bacia petrolífera na região de Campos.
 
Em 2007 entrava em cena o pré-sal, na bacia de Santos.
 
A partir daí a Petrobras mostrou como a influência política consegue reverter o quadro favorável, após a maior capitalização da história, de US$ 72,8 bilhões em 2010: a partir de algumas decisões, instalou-se a desconfiança e o preço das ações foi para o ralo, apesar de os quatro poços do campo gigante de Lula estarem produzindo 50% a mais que o previsto, graças à tecnologia de águas profundas desenvolvida pela empresa.
 
Para tudo dar errado, o governo tem a receita: não aumentar o preço dos combustíveis no posto, para disfarçar a inflação; forçar a indústria nacional a fornecer desde já equipamentos que não tem como produzir, só no longo prazo; inventar refinarias em locais inadequados, com sócios duvidosos; aparelhar a empresa com funcionários em excesso, sem qualificação; alterar o sistema de concessões, participando de toda a produção e não definir a forma de distribuição de royalties.
 
A solução para a Petrobras está nas mãos de uma presidente corajosa, que assumiu em fevereiro: a engenheira química Maria das Graças Foster. Se ela pudesse falar sobre o estado em que encontrou a Petrobras, o Brasil inteiro iria morrer de vergonha alheia.

Fonte: PubliMetro
 



Roberto Muylaert é jornalista, editor e escritor, diretor da RMC Editora, e presidente da ANER – Associação Nacional dos Editores de Revistas. Foi presidente da TV Cultura e ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República.
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