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EVIDÊNCIA DAS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS EM TODA A EUROPA CONFIRMA NECESSIDADE URGENTE DE ADAPTAÇÃO


14/12/2012



As alterações climáticas estão a afetar todas as regiões da Europa, causando múltiplos impactos na sociedade e no ambiente. Outros impactos se farão sentir no futuro e os seus danos poderão ter custos elevados, segundo a última avaliação hoje publicada pela Agência Europeia do Ambiente.

O relatório «Climate change, impacts and vulnerability in Europe 2012» (Alterações climáticas, impactos e vulnerabilidade na Europa 2012) conclui que se têm observado temperaturas médias mais elevadas a nível europeu, bem como uma diminuição da precipitação nas regiões meridionais do continente, em paralelo com o seu aumento no norte da Europa. O manto de gelo da Groenlândia, o gelo do mar Ártico e muitos glaciares da Europa estão em fusão, o manto de neve reduziu-se e a maioria dos pergelissolos aqueceu.

Nos últimos anos, fenômenos climáticos extremos, como as vagas de calor, as inundações e as secas, têm causado crescentes prejuízos materiais em toda a Europa. Embora sejam necessários mais dados para determinar o papel desempenhado pelas alterações climáticas nesta tendência, sabe-se que o aumento da atividade humana em zonas de risco é um fator fundamental. É previsível que as alterações climáticas agravem esta vulnerabilidade no futuro, à medida que os referidos fenômenos aumentam em intensidade e frequência. Se as sociedades europeias não se adaptarem, será inevitável que os prejuízos continuem a aumentar.

O relatório assinala que algumas regiões terão menos capacidade de adaptação do que outras, em parte devido às disparidades econômicas existentes na Europa, e que os efeitos das alterações climáticas poderão aprofundar ainda mais essas desigualdades.

Jacqueline McGlade, Diretora executiva da AEA, salienta: «As alterações climáticas são uma realidade em todo o mundo e a sua dimensão e rapidez são cada vez mais evidentes. Em consequência, é necessário que todos os setores da economia, incluindo o dos particulares, se adaptem e reduzam as emissões».

Alterações climáticas observadas e projeções futuras: alguns resultados fundamentais

A última década (2002–2011) foi a mais quente de que há registro na Europa, com uma temperatura terrestre 1,3° C superior à da média pré-industrial. Várias projeções obtidas a partir de modelos indicam que, na parte final do século XXI, a Europa poderá ter uma temperatura 2,5–4° C superior à média registrada no período de 1961 a1990.

As vagas de calor tornaram-se mais frequentes e prolongadas, tendo causado dezenas de milhares de mortes na última década. O relatório alerta para que, nas próximas décadas, o previsível aumento das vagas de calor poderá elevar o número de mortes a estas associadas, se as sociedades não se adaptarem. Em contrapartida, prevê-se que as mortes relacionadas com o frio diminuam em muitos países.

Embora a precipitação esteja a diminuir nas regiões do sul, tende a aumentar no norte da Europa, segundo informa o relatório, que prevê uma manutenção destas tendências. Segundo as projeções, as alterações climáticas farão aumentar as cheias fluviais, principalmente no norte da Europa, uma vez que as temperaturas mais elevadas intensificam o ciclo da água. No entanto, é difícil discernir a influência das alterações climáticas nos registros de dados relativos a cheias ocorridas no passado.

As secas em bacias hidrográficas parecem ter-se tornado mais graves e frequentes no sul da Europa. Segundo as previsões, os caudais mínimos dos rios reduzir-se-ão significativamente durante o verão, não só no sul do continente mas também em muitas outras regiões europeias, ainda que em graus variáveis.

O Ártico está a aquecer mais rapidamente do que as outras regiões. Em 2007, 2011 e 2012, o gelo marítimo sofreu uma redução sem precedentes, para aproximadamente metade da extensão mínima observada na década de 1980. O degelo da Groenlândia duplicou desde a década de 1990, tendo o seu manto de gelo perdido 250 mil milhões de toneladas de massa, em média, por ano, entre 2005 e 2009. Os glaciares dos Alpes perderam cerca de dois terços do seu volume desde 1850 e prevê-se que estas tendências continuem.

O nível do mar está a subir, agravando o risco de inundação costeira em situações de temporal. O nível médio global aumentou 1,7 mm por ano no século XX e 3 mm por ano nas últimas décadas. As projeções futuras variam muito, mas é provável que a subida do nível do mar no século XXI seja superior à do século XX. Contudo, nas costas europeias essa subida apresenta variações resultantes, por exemplo, de movimentos de terreno locais.

Segundo o relatório, para além dos impactos relacionados com o calor, as alterações climáticas têm outros efeitos sobre a saúde humana igualmente importantes, uma vez que contribuem para a transmissão de certas doenças. Por exemplo, permitem que a carraça da espécie Ixodes ricinus se propague para norte e um maior aquecimento futuro tornará algumas regiões da Europa mais propícias a mosquitos e flebótomos transmissores de doenças. A época de polinização é mais longa e começa 10 dias mais cedo do que há 50 anos, fato que também afeta a saúde humana.

Muitos estudos constataram grandes alterações nas características de plantas e animais. Por exemplo, as plantas florescem numa fase mais precoce do ano e as concentrações de fitoplâncton e zooplâncton na água doce também estão a surgir mais cedo. Outros animais e plantas começam a migrar para norte ou para zonas mais altas à medida que os seus habitats aquecem mas, como o ritmo de migração de muitas espécies é insuficiente para acompanhar a velocidade das alterações climáticas, tais espécies poderão ser levadas à extinção.

Embora no sul da Europa possa haver menos água disponível para a agricultura, é possível que as condições de cultivo melhorem noutras zonas. Na Europa, o período de cultivo de várias culturas prolongou-se e essa tendência deverá manter-se, em paralelo com a expansão de culturas das estações quentes para latitudes mais setentrionais.Contudo, prevê-se uma redução de algumas produções, devido a vagas de calor e a secas, no centro e no sul da Europa.

Com a subida das temperaturas, a procura de aquecimento também caiu, o que permite poupar energia. No entanto, essa queda é contrabalançada pela maior necessidade de energia para arrefecimento nos verões mais quentes.

Contexto

O relatório pretende mostrar o impacto das alterações climáticas na Europa, em toda a sua extensão, além de contribuir com informações para a European Commission’s European Adaptation Strategy (Estratégia Europeia de Adaptação da Comissão Europeia), a publicar em março de 2013. A AEA também apoiará esta estratégia com uma avaliação de várias ações de adaptação realizadas no continente europeu, cuja publicação terá lugar no início de 2013.

O sítio Web Climate-ADAPT contém um grande volume de informações destinadas a apoiar o desenvolvimento e a aplicação da adaptação às alterações climáticas.

Fonte: Agência Europeia do Ambiente



Comentários:


B. Dutra comentou em 14/12/2012 - 14:12:49

O futuro é hoje, e é quente - "o mundo precisa acelerar suas ações", diante do quadro atual de secas na Ucrânia, na Índia, no Brasil, da supertempestade Sandy nos Estados Unidos, de inundações na China, em Moçambique, na Colômbia, na Austrália, do derretimento dos gelos polares em níveis inéditos, da degradação do solo, que afeta 1,5 bilhão de pessoas. ..

estadao.com.br/noticias/impresso,terra-e-ciencia-sinalizam-o-futuro-e-hoje-e-e-quente-,973431,0.htm


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