A construção do Porto do Mucuripe é tida como uma das mais significativas causas antrópicas (por ação humana) para a erosão no litoral próximo a Fortaleza. Segundo o diretor do Instituto de Ciências do Mar (Labomar/UFC), Luís Parente, “a construção de barragens no nosso estado apresenta um impacto significativo”. Na publicação Ciclo de Palestras sobre a Requalificação do Litoral Cearense, o professor aponta que entre 1939 e 1945, quando o porto foi construído, começou a ser formada a Praia Mansa. No mesmo período, a taxa de erosão na Praia de Iracema chegou a sete metros por ano.

A professora e geógrafa Lidriana Pinheiro, doutora em Oceanografia, explica que a construção do Porto do Mucuripe foi feita ligando-o à costa. Por isso, os sedimentos ficaram barrados. Mas não foi só o porto, segundo ela. “Várias áreas de dunas, por exemplo, foram ocupadas. Então, a construção afetou, mas a erosão foi potencializada pela ocupação da cidade”, diz Lidriana. Em Caucaia, no entanto, a construção desse porto é tida como o principal responsável pela interrupção de aporte de sedimentos, e consequentemente, é o principal componente da erosão que tem destruído a faixa de praia no município.

Já no Porto do Pecém, buscou-se um projeto diferente do desenvolvido no porto de Fortaleza, justamente para evitar os mesmos erros. Assim, foi construído um quebra-mar em forma de “L”, com comprimento de 1.768 metros, e uma ponte de acesso vazada, para que tanto os sedimentos quanto as ondas passem por debaixo da estrutura do porto.

Fonte: Jornal de Hoje