À beira-mar, olhos e dedos apontam para o horizonte tomado de água. Puxando pela memória, moradores relatam uma extensa faixa de areia que existia onde hoje o mar alcança, mesmo na calmaria da maré baixa. Quando a maré cheia vem, já se sabe que o que foi construído próximo ao mar, sofrerá com a força das ondas.
 
No litoral cearense, a erosão que atinge alguns pontos de forma mais persistente aumenta com os anos e desafia moradores e gestores a construírem novas formas de conviver com um litoral redesenhado, assim como intervir de forma a amenizar os impactos do avanço do mar.
Icaraí, Caponga, Iguape e Mundaú foram visitados pelo O POVO e compartilham a erosão que faz o mar avançar sobre o que foi construído, assim como a preocupação de quem vive no local sobre os dias que virão.

A erosão do litoral é complexa, relaciona fatores naturais com as consequências das intervenções humanas na natureza e não deve ter fim. Para Lidriana Pinheiro, doutora em oceanografia, é necessário modificar a forma como o poder público lida com as ações da erosão no litoral e como planejam e executam as intervenções necessárias.

O professor Francisco Bonifácio coleta e guarda fotos das mudanças de Mundaú, onde vive. Ele conversa sobre a situação, busca entender e ser entendido, demonstrando a preocupação de quem mora e depende do local com o presente e o futuro. Para ele, o mar e sua força representam “uma beleza que amedronta” para quem está tão perto do belo cenário de Mundaú, mas também enfrenta com medo da força e a erosão dos períodos em que o rio não só alaga, como arrasta pedras, terra e vai erodindo o local.

O Ciência & Saúde desta semana relata a situação em quatro pontos do Ceará que sofrem com a erosão e mostra quais os caminhos mais viáveis, conforme indicação de especialistas, para lidar com a situação a longo prazo.


Fonte: O Povo Online